Um novo estudo revela que o tempo que vai desde a estreia de um filme nas salas até ficar disponível para ver em casa tem pouco ou nenhum impacto na decisão da maioria das pessoas de ir ao cinema.
A pandemia pode ter reduzido de 90 para cerca de 45 dias a janela de exclusividade da maioria dos grandes filmes nos cinemas antes de passarem para outros formatos, mas dois terços dos norte-americanos não querem saber sobre qualquer prazo, diz o estudo "The Symbiotic Future of Theatrical & Streaming" ["O futuro simbiótico do cinema e do streaming", em tradução literal], da UTA IQ, o grupo de pesquisa e análise da agência United Talent Agency.
Os dados recolhidos entre 3 e 11 de janeiro de deis mil consumidores nos EUA entre os 15 e 69 anos também indicam que os filmes lançados nas salas continuam a ser mais reconhecidos pelo grande público do que os que são feitos diretamente para as plataformas de streaming.
"O estudo prova aquilo em que intuitivamente acreditávamos, de que não há nada de errado com a indústria cinematográfica que melhores filmes e cinemas mais asseados não possam resolver", disse o presidente executivo da UCA Jeremu Zimmer em comunicado, citado pelo Deadline.
"Os públicos querem variedade, incluindo sagas que adoram, sequelas bem feitas e bons filmes originais com personagens fortes, num ambiente envolvente. Como indústria, precisamos recuperar a confiança necessária para aspirar a fazer grandes filmes de todos os tipos que irão inspirar o público dos cinemas", reforçou.
Em novembro do ano passado, o presidente executivo da AMC Theatres, a maior cadeia de salas de cinema dos EUA e do mundo (tem a UCI Cinemas entre as suas subsidiárias na Europa), já tinha dito que os 45 dias beneficiavam tanto o seu setor como as plataformas de streaming: o primeiro continuava com tempo suficiente para vender bilhetes, as segundas viam os filmes ficarem disponíveis mais depressa e com o atenção mediática de terem estreado nas salas.
Sobre o tema do impacto mediático, o estudo revela que apenas oito dos 24 filmes que os inquiridos disseram que tinham visto recentemente eram originais das plataformas de streaming e o maior desses oito foi "Glass Onion: Um Mistério Knives Out", que teve primeiro um grande lançamento durante uma semana nos cinemas como experiência da Netflix.
Quando lhes foi pedido para indicar o filme original de streaming mais recente que tinham visto, só um quarto dos inquiridos indicou um título que estava certo. Os outros 75% ou não se lembravam ou responderam um que tinha sido lançado primeiro nos cinemas e só viram em casa, como "Top Gun: Maverick", com Tom Cruise, ou "Bullet Train", com Brad Pitt.
Num sinal encorajador para o grande ecrã, cerca de 72% dos inquiridos também disseram que vão manter ou aumentar as suas idas ao cinema este ano.
Só 28% disseram que iam menos ao cinema ou tinham mesmo desistido por terem acesso aos filmes em casa.
Comentários