O filme, que chegou aos cinemas portugueses esta quinta-feira, mostra uma cidade transformada pela subida do nível do mar que agora inunda as ruas. Com exceção dos mais ricos, todos vivem amontoados em corredores alagados e à mercê do crime. O único 'superpoder' em cena é uma tecnologia que permite revisitar dias melhores.
Em "Reminiscência", Hugh Jackman interpreta Nick Bannister, um cientista à frente de um destes laboratórios de memórias. A sua vida muda quando uma mulher misteriosa o visita pedindo ajuda para a lembrar onde deixou as chaves.
"Não serei eu, que fiz nove filmes como Wolverine, a questionar as sequelas", disse Jackman à AFP. "Mas penso, sim, que o público quer algo fresco e novo", acrescentou.
Escrito e dirigido por Lisa Joy, que juntamente com o marido, Jonathan Nolan, criou o também distópico "Westworld", "Reminiscência" - da Warner Bros. - é inspirado livremente no mito grego de Orfeu e Eurídice.
"Foi um desafio e acho que não teria sido possível sem o apoio do Hugh", disse Joy. "Pela primeira vez dirijo uma longa-metragem e o projeto original que queria filmar implicava inundar Miami", disse.
O seu marido, Jonathan Nolan, produtor do filme e irmão do realizador Christopher Nolan, tinha explorado o lado obscuro das nossas memórias quando escreveu o thriller "Memento", dirigido na década de 2000 pelo seu irmão.
Foi nessa mesma altura que Jackman se estreou como Wolverine em "X-Men", um filme ao qual se atribui o início da era dos super-heróis em Hollywood, que também abriu o caminho para produções populares da Marvel ou da DC.
Os nove filmes de "X-Men" renderam mais de 4 mil milhões de dólares em todo o mundo, onde se incluem as três produções com Wolverine.
Uma mistura de Wolverine e Bogart
Bannister está longe de Wolverine, mas as comparações são inevitáveis.
Joy descreveu o seu personagem principal como um "detetive particular da mente, algo como uma mistura entre Wolverine e Humphrey Bogart".
"Provavelmente um pouco mais habilidoso com os punhos do que Bogart jamais foi", brinca Jackman, antes de reconhecer que Nick Bannister tem algo do seu icónico mutante.
Um veterano de guerra que sofre de stress pós-traumático, a personagem interpretada por Jackman vê-se repentinamente envolvida numa nebulosa rede de traficantes de drogas e magnatas que cobiçam os poucos hectares secos e elevados ainda disponíveis, dos quais querem se apropriar.
"Como o Wolverine, ele tem um exterior duro e, como Wolverine, isso é resultado da dor", disse Jackman. "Quanto mais forte o exterior, mais destruído por dentro", acrescentou.
A mistura de Ficção Científica, ação e romance chamou a atenção do ator australiano de 52 anos. Versátil, além dos filmes campeões de bilheteira, Jackman ganhou um Tony e é conhecido pelo seu trabalho em musicais como "The Greatest Showman" e "Os Miseráveis".
"Para mim, tudo é novo, mesmo quando fazia o Wolverine, sentia como se fosse algo novo e emocionante. Sempre senti que havia mais para tirar desta personagem", comentou Jackman, para quem o seu novo projeto "se sente como algo muito original, muito emocionante".
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