O filme de ficção científica "Armageddon" tornou-se um dos grande tópicos das redes sociais na quarta-feira, após a Nasa ter lançado na noite anterior uma missão que tem como objetivo fazer colidir deliberadamente uma sonda contra um asteroide.
O regresso à "atualidade" do filme de 1998 não passou despercebido ao seu realizador, que puxou dos galões para recordar que o seu filme previu corretamente uma missão para impedir a colisão catastrófica de um asteroide com a Terra.
"O nosso plano não estava assim tão longe, em que eles [Nasa] enviam uma nave espacial para o desviar, seja uma bomba nuclear ou o que for, têm de o desviar. Tinham uma série de coisas que mencionamos no filme que eram planos verdadeiros que estão em cima da mesa", disse Michael Bay ao The Wrap.
No filme, os cientistas descobriam que, após uma chuva de meteoritos destruir uma nave espacial em órbita e parte de Nova Iorque, um asteroide do tamanho do estado do Texas estava a deslocar-se a 35 mil quilómetros por hora e iria atingir a Terra em 18 dias, destruindo todas as formas de vida.
"À Hollywood", a única solução era enviar ao espaço uma equipa de especialistas em perfuração petrolífera liderada por Bruce Willis e Ben Affleck para explodir uma bomba nuclear no seu interior.
“Graças a Deus que eles estão a fazer alguma coisa porque estas coisas são letais. Se bem me lembro, vem a 24 mil quilómetros por hora - é uma explosão aérea no solo", recordou o realizador sobre a missão da Nasa.
De facto, a sonda DART (Double Asteroid Redirection Test) tem como alvo Dimorphos, uma "lua" com cerca de 160 metros de largura, que orbita um asteroide muito maior chamado Didymos, de 780 metros de diâmetro. A sonda é uma caixa com o volume de um grande frigorífico e painéis solares de cada lado que irá colidir com Dimorphos a pouco mais de 24 mil quilómetros por hora.
O impacto deverá ocorrer entre 26 de setembro e 1 de outubro de 2022, a 11 milhões de quilómetros da Terra, o ponto mais próximo a que podem chegar. Ao contrário do filme, os cientistas apenas esperam que provoque uma pequena mudança no movimento do asteroide.
"O que estamos a tentar aprender é como desviar uma ameaça", disse o cientista-chefe da Nasa, Thomas Zuburchen, numa conferência de imprensa sobre o projeto de 330 milhões de dólares e o primeiro do seu tipo.
Há 10 mil asteroides conhecidos próximos da Terra com um tamanho pelo menos de 140 metros, que têm o potencial de destruir cidades ou regiões inteiras com uma energia várias vezes maior do que bombas nucleares. Embora nenhum tenha uma possibilidade significativa de impacto nos próximos 100 anos, estima-se que apenas 40% desses asteroides foram encontrados até agora.
Embora reconheça que o filme não terá inspirada a missão da DART, Michael Bay está orgulhoso por ter chamado a atenção para as potenciais ameaças que podem chegar dos céus: "O mundo fica a perceber que existe um grande problema sério que podemos vir a ter um dia, portanto é melhor começar agora e treinar para o que pode vir a ser uma situação muito séria. Ainda bem que eles estão a tentar alguma coisa".
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