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!['Obcecado pelo poder': Jesse Eisenberg retoma críticas a Mark Zuckerberg, 15 anos após](/assets/img/blank.png)
Jesse Eisenberg, que interpretou Mark Zuckerberg no aclamado filme "A Rede Social", de 2010, disse à France-Presse (AFP) que o dono do Facebook evoluiu de um "sentido de retidão" para "alguém obcecado pelo poder", retomando as críticas que fizera no início da semana no programa "Today", da BBC Radio 4, que se tornaram virais.
Eisenberg optou por uma abordagem largamente simpática do multimilionário de Silicon Valley ao interpretá-lo no filme dirigido por David Fincher, que ajudou a moldar a imagem pública do Facebook.
"Como ator, o nosso trabalho é simpatizar com a personagem, não apenas sentir empatia, mas justificar", salientou à AFP numa entrevista para promover o seu aclamado novo filme "A Verdadeira Dor", já nos cinemas portugueses e nomeado para os Óscares.
“Estava a pensar na personagem [Zuckerberg] como alguém que era capaz de entender certas coisas muito mais depressa do que outras pessoas e que tinha uma espécie de sentido de retidão que nasceu do seu próprio brilhantismo”, explicou.
Mas 15 anos depois, com Zuckerberg a mudar as suas opiniões políticas para se alinhar com a nova administração de Donald Trump e a eliminar a verificação de factos na plataforma dos EUA, Eisenberg reviu as suas opiniões.
“Fica-se a pensar ‘Ah, portanto esta pessoa não evoluiu para uma dimensão de coragem’. Esta pessoa evoluiu para alguém obcecado pela avareza e pelo poder e isso é interessante para mim enquanto um ator que, em determinado momento, pensou muito sobre esta pessoa”, acrescentou o nova-iorquino de 41 anos.
"A Rede Social" trouxe-lhe fama mundial e uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator.
Regressará à cerimónia a 2 de março com o filme que escreveu, dirigiu e atuou ao lado Kieran Culkin, a estrela da série "Succession".
A improvável comédia sobre dois primos judeus que fazem uma digressão do Holocausto na Polónia recebeu duas nomeações para as estatuetas douradas: Eisenberg para Melhor Argumento Original e Culkin como Melhor Ator Secundário.
Profundezas emocionais
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O filme recebeu excelentes críticas desde que foi exibido pela primeira vez no Festival de Cinema de Sundance do ano passado e foi amplamente lançado nos cinemas americanos e europeus nos últimos três meses.
Muitos críticos notaram o hábil diálogo entre as personagens de Eisenberg e Culkin - David e Benji - com o seu humor e problemas de saúde mental trazendo novas reviravoltas a dois formatos clássicos de Hollywood, Holocausto e 'road movies'.
Para Eisenberg, o argumento e o cenário eram intensamente pessoais, regressando à terra dos seus avós polacos que fugiram dos nazis, e valendo-se da sua experiência de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e ansiedade.
“A vida do David é muito parecida com a minha... os comprimidos que o David toma são os comprimidos que tomo, ao ponto de o departamento de adereços perguntar-me se podia pedi-los emprestados”, explicou.
“Mas também fui Benji. Estive nas profundezas emocionais de Benji”, acrescentou.
O núcleo do filme reflete a contemplação de Eisenberg sobre a culpa existencial.
“Como é possível que eu tenha autopiedade ou que passe uma hora todas as manhãs a tentar sair da cama quando a geração dos meus avós estava a cinco centímetros de ser massacrada?”, diz Eisenberg, que solicitou e obteve a nacionalidade polaca após a rodagem.
“Como é possível que todos nós não acordemos todas as manhãs e beijemos o chão onde estamos vivos?”
Grande sentido de oportunidade
Culkin foi escolhido para o filme apesar de não ser judeu, algo sobre o qual Eisenberg disse ter estado inicialmente "hesitante".
“Depois que nos livramos dessa consideração muito específica, ele parecia de longe a única pessoa que poderia fazer o papel”, explicou.
Culkin trouxe a sua "energia invulgar" e "grande sentido de oportunidade e inteligência" para as filmagens, o que também o fez rejeitar repetidamente as instruções do seu co-protagonista e realizador, que estava nominalmente encarregado da rodagem.
“Estava a dirigir o filme, claro, mas o Kieran estava a influenciar. Montava uma cena e gozava comigo e dizia que a cena era estúpida”, recorda.
Casado e pai de um filho, Eisenberg diz que se vê a continuar à frente e atrás das câmaras, com “A Verdadeira Dor" a surgir após ,Real Pain”, continuação de “When You Finish Saving the World”, de 2022, que também escreveu e dirigiu.
Mas nada no mundo do cinema se compara à satisfação que sentiu ao fazer trabalhar como voluntário durante a pandemia de COVID-19.
“Fazia trabalho voluntário todos os dias neste abrigo para vítimas de violência doméstica administrado pela minha sogra. E nunca estive tão feliz na minha vida”, disse.
VEJA O TRAILER "A VERDADEIRA DOR".
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