Dos AlunaGeorge aos Yeah Yeah Yeahs, a lista de dez eleitos passeia pelo rock, pop eletrónica, hip-hop, alguma soul e R&B - em alguns casos, com tudo no mesmo álbum, sinal de mais um ano que também viveu da diluição e entrosamento de géneros.
Como uma lista, por muito abrangente que queira ser, peca sempre por defeito, o espaço de comentários fica à disposição para outras sugestões de discos que justificam a (re)descoberta. Por agora, fica o nosso top 10 sem ordem de preferência:
AlunaGeorge - «Body Music»: Foi um dos álbuns mais refrescantes do verão mas não merece o rótulo de disco sazonal. «Body Music», a estreia dos AlunaGeorge, tem canções para mexer o corpo que, ao contrário de tantas outras, estão carimbadas com alma e personalidade - no caso, as de uma dupla britânica a justificar o burburinho à sua volta.
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Arcade Fire - «Reflektor»: Depois dos subúrbios, os Arcade Fire experimentaram os trópicos e surgiram mais soltos e dançáveis em «Reflektor». Sem ser um corte com o passado, o quarto álbum dos canadianos questiona-se sobre o céu e o inferno mas prefere o compasso hedonista à marcha fúnebre. James Murphy (LCD Soundsystem) deu uma ajuda na transição.
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Arctic Monkeys - «AM»: Desde 2009 que Josh Homme, dos Queens Of The Stone Age, tem revolucionado o processo criativo do quarteto de Sheffield. «AM» não é exceção, mas agora de forma diferente: os níveis de distorção caem drasticamente, o resultado foi um som mais sóbrio, mais equalizado, mais melancólico. Mas não menos melódico, como o comprovam aproximações rítmicas ao hip-hop que embalam as crónicas urbanas de Alex Turner. Os rapazes cresceram, e cresceram bem.
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Ben Harper with Charlie Musselwhite - «Get Up!»: Feliz a altura em que John Lee Hooker os juntou: há muito, muito tempo que Ben Harper não nos dava um álbum assim. «Get Up!» é uma ótima colaboração entre dois artistas de épocas diferentes cujo resultado não poderia ser melhor. Ben Harper encontrou em Charlie Musselwhite o desafio que precisava para elevar o seu jogo e o músico tem na voz do cantor a porta para uma nova geração.
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Cut Copy - «Free Your Mind»: E se o acid house e a synth pop se encontrassem na pista de dança? A história deste flirt feliz conta-se em «Free Your Mind», mergulho num verão do amor iluminado pelas canções escapistas dos Cut Copy. Ao quarto disco, os australianos não chegam a livrar-se da sombra dos New Order, embora acrescentem à lista de favoritos gente como os Primal Scream, Happy Mondays, Beloved ou 808 State. A festa agradece.
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Daft Punk - «Random Access Memories»: «Random Access Memories» é uma reciclagem permanente, assumida, trabalhada, explicada, demonstrada sem pudor. São trinta, quarenta anos de música reinventados. É uma ambição tremenda. E os convidados da dupla francesa - Pharrell, Giorgio Moroder, Julian Casablancas, Panda Bear, Nile Rodgers - são de luxo. Também está aqui a canção mais ouvida do ano, claro, mas o resto é tão bom ou melhor.
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James Blake - «Overgrown»: «Overgrown», o regresso do cantor britânico, é daqueles raros discos que aquecem qualquer longo inverno e parecem tornar suportáveis todas as dores de um coração partido. É um álbum perfeito, cheio de aconchego, como se o lugar de desassossego se tornasse num lar à nossa medida - como um cobertor quente que nos abraça. Para quê sair daqui?
Leia a crítica: James Blake está mais crescido, mas ainda soturno e irresistível
Janelle Monáe - «The Electric Lady»: Aos 27 anos, Janelle Monáe está cada vez melhor. «The Electric Lady» é um álbum que nos apresenta uma artista num maravilhoso momento criativo e que sabe para onde quer ir. A saga da andróide Cindi Mayweather, a personagem que a cantora tem vindo a desenvolver, é uma viagem cheia de momentos brilhantes, confirmando a sua autora como uma das forças criativas da soul e do R&B, que sabe misturar como ninguém as suas influências.
Leia a crítica: Janelle Monáe segue imparável
Kanye West - «Yeezus»: «Yeezus» é o álbum mais negro, eletrizante e vanguardista que Kanye West lançou até a data. É disco para aumentar o ego de qualquer um, sobretudo (e ainda mais) o do seu autor. Tal como nos dois álbuns anteriores, o norte-americano voltou a desafiar os seus limites e chegou a uma sonoridade que surpreende tudo e todos - e mostra, mais uma vez, a sua grandeza. Sim, ficámos rendidos à nova metamorfose do mestre.
Leia a crítica: «Yeezus», o novo evangelho de Kanye West
Yeah Yeah Yeahs - «Mosquito»: A capa, uma das mais inclassificáveis do ano, já o sugeria e as canções confirmaram «Mosquito» como um álbum de transição. A viragem não se completou, mas a encruzilhada criativa dos Yeah Yeah Yeahs mostra-se mais estimulante do que a meta de muita concorrência. Ao quarto álbum - e com uns quantos EPs pelo caminho - o trio nova-iorquino continua a não desiludir e mantém-se entre os nomes confiáveis do rock dos anos 00.
Leia a crítica: A picada hesitante dos Yeah Yeah Yeahs
CINCO MENÇÕES HONROSAS:
Eminem - «The Marshall Mathers LP 2»
John Grant - «Pale Green Ghosts»
Lorde - «Pure Heroine»
Nick Cave and the Bad Seeds - «Push the Sky Away»
Tricky - «False Idols»
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