A fadista partilha o pódio com Leyla Mccalla, que ficou em 2.º lugar, e Kobo Town, em 3.º. Da lista fazem ainda parte os álbuns de Carla Bruni, Ry Cooder e o duo maliano Bassekou Kouyate e Ngoni Ba.
"Alguns puristas não quiseram saber da tentativa da estrela do fado de alargar os horizontes misturando tradição com Joni Mitchell, mas a forma como canta é intoxicante", afirma o Sunday Times, sobre “Desfado”.
Aquando do lançamento do CD no Reino Unido, o jornal escreveu que revelava “uma colaboração genial com o exigente produtor Larry Klein". "Tudo funciona extremamente bem", escreveu o Sunday Times, enquanto a crítica do diário Times deu-lhe por sua vez, quatro estrelas.
“Desfado” foi reeditado recentemente, num formato duplo, incluindo o registo da atuação da fadista, em setembro passado, no festival Caixa Alfama.
Sobre “Desfado”, gravado entre Almada e Los Angeles, a fadista afirmou à Lusa que “é diferente” do que tem feito. “Mas, para mim, era o que fazia sentido e dava continuidade ao que estava a fazer nos últimos anos, com as diferentes colaborações", sublinhou.
O álbum recebeu várias críticas favoráveis, nomeadamente nos jornais El País, Le Monde, Le Figaro, New York Times, entre outros.
O New York Times afirmou que Ana Moura “é uma superstar mundial distinta, elegante, expressiva, de mente aberta, é uma renovadora”.
O jornal espanhol El Pais destacou, por seu turno, “uma determinação e uma clareza de intenções quando [Ana Moura] pega no microfone, que contrasta com a delicadeza e a timidez do trato pessoal”. “Ana Moura é bonita e humilde e nada distinta”, rematou o diário espanhol.
O ABC, também de Espanha, referiu-se a “Desfado” como um “estupendo trabalho", e acrescenta que "havendo alguns fados, divide a sua doçura melancólica com elegantes sons norte-americanos como o rhythm & blues”.
O Le Fígaro, de França, sublinhou que "em poucos anos, a jovem Ana Moura estabeleceu-se com a sua singularidade num ambiente bastante conservador” e rematou: “Ana Moura continua uma maneira agradável que é toda a sua força, pertence a ela".
Nas vésperas do álbum ser editado em Portugal, em novembro do ano passado, numa entrevista á Agência Lusa, a fadista afirmou que o álbum “não é uma negação do fado”. “Eu gosto de cantar fado e não me sinto bem sem o cantar - é um percurso de carreira, quis explorar novas áreas, reflexo das parcerias que tenho feito, e tenho descoberto características em mim que desconhecia”, afirmou a criadora de “Búzios”.
A “renovação” da intérprete estende-se à equipa de músicos e à produção. Pela primeira vez na sua carreira discográfica, já com quatro álbuns de estúdio, não é o músico Jorge Fernando que assume os comandos da produção, mas sim Larry Klein, que também já trabalhou com Joni Mitchell e com o pianista de jazz Herbie Hancock.
Com Ana Moura gravaram Ângelo Freire, na guitarra portuguesa, Pedro Soares, na viola, Dean Parks, na guitarra clássica, David Piltch, no baixo, e Freddy Kdella, no violino, no tema “Thank you”, de autoria de David Poe. Tim Ries, com o qual a intérprete já trabalhou no Rolling Stones Project, e Herbie Hancock, são os músicos convidados.
O CD é composto por 17 temas. Pedro da Silva Martins é o único autor que assina dois - a letra e música de “Desfado”, que abre o CD, e “Havemos de acordar”, que conta com a participação de Tim Ries.
Entre os diferentes temas, a intérprete referiu “O espelho de Alice”, de Nuno Miguel Guedes, que canta na música do Fado Santa Luzia, de Armando Machado.
Mário Raínho é um nome habitual entre os letristas de Ana Moura, que neste álbum assina “Com a cabeça na nuvens” e outro é Tozé Brito de quem registou “Como nunca mais”.
O Cleveland Plain Dealer afirmou que a “beleza triste do fado faz sentido na voz de Ana Moura”, e para o New York Daily News Ana Moura “é a mais celebrada jovem fadista, um intérprete de rara paixão”.
@Lusa
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