Começaram bem, com "Bright Like Neon Love" (2004), e apuraram a combinação de rock e electrónica no muito aplaudido "In Ghost Colours" (2008), um daqueles discos que, apesar das influências bem palpáveis - com os New Order à cabeça -, conseguia impor-se através de uma mão cheia de temas irresistíveis.

Estas fortes colecções de canções colocaram os Cut Copy na linha da frente da nova pop dançável que, no início do milénio, foi chegando da Austrália. Tal como os Presets, conseguiram criar um segundo álbum superior à estreia e levá-lo a palcos mais longínquos - como os portugueses, onde deixaram concertos de boa memória no SWTMN, no Lux ou no Super Bock Super Rock.

Agora, com a terceira investida num longa-duração,a bandade Melbourne arrisca-se a perder o comboio. "Zonoscope" não envergonha alguns episódios brilhantes dos seus autores mas, mesmo nos seus momentos mais conseguidos, também não consegue ombrear com canções como "Hearts on Fire" ou "Out There on the Ice".
Em vez de pérolas pop como essas, o alinhamento fica-se por uma mediania ao alcance de uns Van She ou Midnight Juggernauts, conterrâneos que, até aqui, os Cut Copy superavam com uma margem considerável.

As referências à synth pop dos anos 80 voltam a fazer parte do cardápio e, mais uma vez, a produção encarrega-se de ancorar as canções numa sonoridade mais contemporânea. Também como nos discos anteriores, o alinhamento conjuga temas orelhudos ("Need You Now", "Take Me Over") com momentos mais densos ("This is All We've Got", "Alisa"), mas o desgaste dos primeiros é mais evidente e os segundos mostram-se pouco desafiantes.

Há, contudo, algumas excepções. "Blink and You'll Missa Revolution" revela um entusiasmo e apelo melódico acima da média e "Corner of the Sky" ou "Sun God" (devaneio de 15 minutos), próximos das experiências dos LCD Soundsystem, sugerem rumos mais aventureiros. Mas não deixam de ser instantes pontuais de um álbum que, na generalidade, não convida a tantas audições como os antecessores.

@Gonçalo Sá

Videoclip de "Need You Now":