Não se trata de um segundo disco baseado no medo ou na pressão, mas sim na ambição de quem tem uma rota traçada. Este álbum é a quarta e a quinta instalação do seu projeto conceptual, “Metropolis”, inspirado no filme de Fritz Lang, de 1927, com o mesmo nome. O EP “Metropolis: Suite I (The Chase)” (2007) é a primeira parte e, o seu álbum de estreia, “The ArchAndroid” (2010), a segunda e terceira parte.

O rumo seguido por Janelle Monáe ficou mais vincado depois do sucesso de “The ArchAndroid”, tendo sido nomeado para o Grammy de melhor álbum R&B. E este novo disco é o testemunho de que a cantora quer dar tudo o que tem e produzir a melhor música que conseguir, sem se preocupar muito com o sucesso comercial que possa ter.

Se formos a olhar para os convidados de “The Electric Lady”, conseguimos perceber que, de alguma maneira, Janelle tentou cativar um público maior. Falamos de grandes nomes, como Prince,Erykah Badu,Solange,Miguele a talentosaEsperanza Spalding.

Prince surge em “Givin' Em What They Love”, uma faixa cheia de vozes e arranjos de sopros funk, guitarras rock e um groove soul. Um tema com cheiro a passado mas, ao mesmo tempo, um sabor futurista.

Sem surpresas e como mandam as evidências, Erykah Badu volta a impressionar e não deixa ninguém indiferente em “Q.U.E.E.N.”, um tema funkadelic, com fortes elementos afrobeat, hip-hop, neosoul, bastante exuberante e com uma letra irreverente. “Am i freak couse i love watching Mary”, canta Janelle.

Videoclip de "Q.U.E.E.N.", com Erykah Badu:

Solange, a irmã de Beyoncé, surge numa canção mais R&B, “Electric Lady”, a música que dá nome ao disco. É claramente um dos muitos momentos fortes deste trabalho, em que podemos encontrar uma Monáe confortável em todos os elementos desta faixa. Desde o rap à soul, passando pelo já referido R&B. Janelle respira talento.

Outra faixa a destacar é “Dorothy Dandridge Eyes”, que conta com a presença da baixista Esperanza Spalding. Aqui, o afrobeat e funk convivem com elementos latinos e com o jazz, tornando esta uma das faixas mais easy-listening do disco.

“The Electric Lady” continua, assim, a saga de Cindi Mayweather, a personagem deste conceito que Monáe tem vindo a desenvolver e que tem marcado a sua carreira. É um disco cheio de momentos brilhantes, confirmando a sua autora como uma das forças criativas da soul e do R&B, que sabe misturar como ninguém as suas influências. E se ficamos com a sensação de que ela bebe muito do que já foi feito no passado, temos por certo que que ela caminha para o futuro.

@Edson Vital