Temas como “Babel” ou “Whispers in the dark” navegam por várias dinâmicas, com momentos capazes de fazer estádios saltar e outros em que o piano se ergue e dá o tom. O traço constante é mesmo a voz sofrida de Marcus Mumford, para gáudio dos fãs e irritação dos detratores. O videoclip de “I will wait”, o primeiro single do disco, não nos deixa mentir: foi gravado ao vivo durante um concerto nos EUA e prova o que dizemos (o entusiasmo é o que se vê acima). Aliás, quase todas as canções do álbum foram testadas previamente ao vivo durante a digressão “Gentlemen of The Road”.
Apesar deste frenesim, o disco também dá espaço às baladas, como o belíssimo “Ghosts that we knew”, em que se canta sobre amor e fé. Um excelente tema para se trautear, como muitos dos singles dos Coldplay, que têm neste conterrâneos concorrência séria na conquista dos estádios.
Os Mumford & Sons querem elevar a folk ao estatuto de música de arenas e podemos dizer que o conseguiram. Não são poucos os momentos grandiosos e se há alguma crítica a ser feita é que, por vezes, esses episódios de euforia parecem um pouco forçados. Felizmente, a sensação não dura muito, já que há qualquer coisa - sobretudo a voz de Marcus, desconfiamos - que imprime sinceridade a grande parte do alinhamento.
“Babel” é, assim, um belíssimo segundo disco, um dos melhores editados em 2012, justamente nomeado para os principais prémios musicais - além dos Grammy, também os Brit Awards fizeram questão de o incluir na galeria de candidatos. E se o disco nos convence, acreditamos que esta boa impressão é só uma fração do que vamos sentir quando os Mumford & Sons regressarem a Portugal, a 23 de março, para um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa - onde esperamos confirmar de vez que o videoclip de “I will wait” não nos leva ao engano...
@Edson Vital
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