“A minha memória sobre a participação no Tomorrowland vai, pelo menos, até 2016 e, desde então, já participei cinco ou seis vezes e já toquei em vários palcos. Apesar de cada ano ter a sua particularidade, todos têm uma semelhança que é o apoio dos portugueses que se deslocam em massa para assistir à minha atuação como de outros artistas portugueses”, afirma o DJ Kura em entrevista à agência Lusa.
O jovem produtor musical de 36 anos, natural de Leiria, tem vindo a apostar recentemente em canções com misturas de música eletrónica com fado, como as faixas “Sentir saudade” (com Bia Caboz) e “O vento” (com Jéssica Cipriano e Letus et) e, este ano, fez também parcerias com os artistas portugueses Nuno Ribeiro e Diogo Piçarra (para, respetivamente, a canção “Eu prometo” e o remix de “Sorriso”).
Falando à Lusa, Rúben de Almeida Barbeiro (o seu nome verdadeiro) explica que a aposta no fado “sempre foi algo que quis fazer” e que só agora se sentiu “preparado musicalmente”, dado requerer “algum cuidado” por se tratar da língua portuguesa e de um estilo musical Património da Humanidade.
E admitiu que incorporar o fado era “um risco grande”, por isso, colocou imensa gente a trabalhar para que saísse bem e fizesse jus ao carinho que tem na memória coletiva dos portugueses (e não só).
“O que é curioso é que às vezes associa-se a música eletrónica, que tem vindo a crescer em Portugal, só aos jovens, mas percebemos que não é bem assim, porque vemos pessoas de todas as faixas etárias a gostar e a pedir mais”, assinala DJ Kura, revelando à Lusa ter “mais coisas planeadas” nesta aposta.
Para já, é certo que estas serão algumas das faixas que irá levar no sábado ao Tomorrowland, numa atuação que ainda não é no palco principal, dado esse ser ainda “um sonho” por concretizar.
Mas para isso, admitiu, tem de atingir um patamar de “incontestável” que na indústria da música eletrónica só está reservado a um punhado de artistas.
“Para ser um incontestável tenho de ser um incontestável globalmente”, reconheceu.
Kura explicou que “não basta ser [incontestável] só em Portugal ou em determinados mercados”, é preciso atingir os lugares cimeiros que nomes como Tiësto, Steve Aoki ou David Guetta atingiram.
Em entrevista à Lusa, o DJ quis também desmistificar a ideia de que o DJ leva tudo numa 'pen' feito de casa e que, como se diz, é só chegar e 'clicar' no botão Play.
“Nunca entendi porque é que as pessoas acham isso. Não existe. Eu já toquei com todos [os DJ] que vocês possam imaginar, dos mais conhecidos aos menos conhecidos, e toda a gente toca ao vivo”, completou.
No entanto, há “uma ou duas pessoas” que o fazem, mas Kura advogou que “nem fazem parte da indústria, são uns completos 'out cast' [marginalizados]”.
Para Ruben de Almeida Barbeiro, vestir a pele de DJ é “contar uma história” e “levar as pessoas numa viagem”.
É na cidade belga de Boom, com menos de 20 mil habitantes, que todos os anos desde 2005 se juntam fãs da música eletrónica para ver alguns dos DJ mais conhecidos do mundo, num festival que começou por contar com uma audiência de 10 mil pessoas para, hoje em dia, ter 400 mil participantes vindos de 200 países (entre os quais Portugal e Brasil), distribuídos por dois fins de semana.
Ao todo, nestes dois fins de semana, um total de 800 artistas atua nos 16 palcos ali montados - num complexo que é do tamanho de 63 campos de futebol e requereu 52 dias de montagem -, entre os quais os conhecidos DJ Alesso, Armin van Buuren, David Guetta, Dimitri Vegas & Like Mike, Hardwell, Sebastian Ingrosso, Swedish House Mafia e Tiësto.
Depois de, no fim de semana passado, o DJ português Diego Miranda ter atuado em parceria com o produtor britânico Azteck, no sábado realiza-se então a atuação do DJ Kura.
O Tomorrowland é um dos maiores e mais emblemáticos festivais de música do mundo e abrange todos os géneros de dança eletrónica. Este ano celebra os seus 20 anos de existência sob o mote “Vida”.
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