"Ícone musical", o cantor de 54 anos "é um artista que continua a ser relevante ano após ano - assim como os Gorillaz -, que tem um passado de prestígio, mas continua a ser vanguardista", diz à AFP Clément Meyère, curador do festival parisiense We Love Green, onde a banda atuou em 2022.
O oitavo álbum dos Gorillaz, "Cracker Island", mantém o estilo pop híbrido que deixou a banda britânica mundialmente conhecida, embora o disco proponha um tom mais animado e quente do que o registo anterior, "Song Machine: Season One - Strange Timez", de 2020.
O novo álbum também repete o hábito do grupo de contar com inúmeras colaborações, como a do portorriquenho Bad Bunny e dos norte-americanos Beck e Stevie Nicks, vocalista dos Fleetwood Mac.
O objetivo continua a ser o mesmo: alimentar a fama e a aura misteriosa dos Gorillaz, apresentado em 2001 como uma banda virtual, cujos videoclips mostravam apenas animações feitas pelo artista britânico Jamie Hewlett, autor da BD "Tank Girl".
"Eliminar barreiras"
Embora rapidamente se tenha se tornado público quem estava por trás dos Gorillaz, isso não impediu Albarn de repetir o sucesso de que havia desfrutado com os Blur, uma das bandas mais populares da década de 1990.
Grandes nomes da música mundial já participaram em álbuns e concertos dos Gorillaz, como Elton John, Jean-Michel Jarre, Grace Jones e a rapper Little Simz.
"Com os Gorillaz no palco, estamos imersos num universo sonoro e visual que elimina barreiras e cria pontes. Há poucos casos parecidos, fora o de Björk", destaca Meyère, ressaltando o dinamismo e a diversidade dos espetáculos do projeto.
No entanto, o vocalista deixará os Gorillaz de lado nos próximos meses para se concentrar no regresso dos Blur, que pararam de compor e de atuar com regularidade no início dos anos 2000.
O grupo fará uma digressão internacional com início em Espanha e que terminará no Japão. A banda atua em Portugal a 10 de junho, no âmbito do festival Primavera Sound, no Porto.
Cantor de ópera
Os Blur já tinham voltado aos palcos com a gravação de dois álbuns ao vivo, "All the People", em 2009, e "Parklive", em 2012.
O vocalista guarda sempre algum gesto inusitado para estas atuações, como o de um concerto no centro cultural La Gaîté Lyrique, em 2021, quando começou a improvisar e até surpreendeu os músicos que o acompanhavam.
O seu espírito criativo levou-o a se arriscar em estilos musicais distantes da pop, como a ópera ou a música africana.
Entre estas colaborações está o álbum "Mali Music" (2002), em conjunto com artistas do Mali, e a ópera "Le Vol du Boli" (2020), promovida ao lado de um dos cineastas africanos mais conhecidos, o mauritano Abderrahmane Sissako, realizador do premiado filme "Timbuktu" (2014).
Comentários