Com este duplo CD, que integrará ainda um DVD com imagens das gravações numa edição limitada, Fausto Bordalo Dias encerra a trilogia «Lusitana Diáspora», iniciada em 1982 com o álbum «Por este rio acima» e continuada em 1994 com «Crónicas da terra ardente».
O instrumental «Aproximação à terra» é o tema com que Fausto abre o disco que conclui a trilogia, baseada nas viagens relatadas na «Peregrinação», de Fernão Mendes Pinto, obra presente desde «Por este rio acima», que a crítica considera um dos álbuns mais marcantes da música popular portuguesa das últimas décadas.
Depois do tema instrumental, que ilustra a aproximação dos portugueses ao continente africano, Fausto começa por interpretar «E fomos pela água do rio», num ritmo lento, a que se sucede «Velas e navios sobre águas», com um ataque mais forte e uma batida mais rápida, seguindo-se «E viemos nascidos do mar», uma sucessão de canções nas quais impera a inspiração das chulas e dos malhões da expressão tradicional do Norte de Portugal.
Alguns dos temas que integram o primeiro disco do duplo álbum não serão totalmente desconhecidos do público, uma vez que o cantor os apresentou no espetáculo do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, em junho de 2010. Dos temas então interpretados, destaca-se ainda «Por altas serras de montanhas», que encerra o primeiro CD.
Além dos temas que Fausto mostrou ao público no espetáculo de junho do ano passado, o primeiro CD do duplo álbum inclui também «A mais débil das lágrimas», «De um crescendo dourado» e «Bárbaras iguarias», intervalando ritmos mais lentos e outros mais intensos.
«Ocultam à claridade da luz» é a canção que abre o segundo álbum, sobre tema lento, seguindo-se «A enxurrada», canção em que o ritmo volta a aumentar.
Das onze canções que preenchem o segundo disco, destaque ainda para «Pelos rios de Cuama», em que o autor aborda o rio Zambeze e os "cinco braços" deste.
Segue-se «Nesta selva do Guinéu», um tema em que o autor enumera uma série de nomes de etnias e de povos africanos com que os portugueses se depararam quando chegaram a África.
«No brasileiro da Mourama», «Tempo claro e vento galeno» e «Quase em tons de cristal» são as canções seguintes, seguindo-se «De costa à contracosta», na qual é relatada a incursão dos portugueses nas regiões de Cazembe e Tete, em Moçambique.
«O perfume das chuvas» é a canção com que Fausto termina a trilogia sobre a diáspora portuguesa, um tema no qual o cantor fala de uma planta ameaçada que só existe no deserto da Namíbia e em Angola.
De acordo com uma nota da editora, «a conclusão do tríptico reforça a importância máxima da criação de Fausto. Não só num formato de retrospetiva da história de Portugal, mas incidindo muito profundamente no tempo presente e nas relações mantidas entre Portugal e o continente africano, num momento de reflexão sociológico, musical e político que sempre fez parte do código de composição de Fausto Bordalo Dias».
O comunicado da editora acrescenta que este novo disco de Fausto «eleva o patamar para uma nova descoberta de abordagens à música tradicional portuguesa, num trabalho intenso que Fausto tem mantido ao longo da sua carreira».
Videoclip de «Velas e navios sobre águas»
SAPO com Lusa
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