"Nós não vamos organizar mais o MIMO, exatamente porque os organizadores do festival incumpriram com aquilo que eram as normas que estavam previamente estabelecidas (...). Nós este ano recusamos o festival MIMO", afirmou na terça-feira o autarca.
Classificando de “gravíssimas e sem qualquer fundamento” as acusações do autarca, a empresa escreve no esclarecimento enviado à Lusa que estas “atentam de forma inaceitável e injusta contra a imagem do festival e de quem o organiza – com todos os prejuízos reputacionais e económicos que daí podem decorrer -, pelo que não se afasta para já o recurso às diligências judiciais que se entendam necessárias e adequadas ao ressarcimento dos danos provocados”.
“Não corresponde à verdade que tenha existido qualquer recusa por parte da Câmara Municipal do Porto na realização do Festival MIMO na cidade, dada a inexistência de qualquer proposta por parte da organização ou negociação entre as partes tendente a tal realização”, lê-se ainda no documento.
Neste contexto, continua, “é assim ainda mais descabido e difícil de explicar que o presidente se tenha referido a um festival futuro, que a organização desconhece porque simplesmente não estava acordado… em vez de, como seria natural e lhe competia, tratar de 'acertar contas' com o promotor pelos alegados incumprimentos na edição passada, que pelos vistos só o senhor presidente da Câmara Municipal do Porto conhece”.
A empresa assinala ainda que “nunca” a câmara, ou alguém em nome desta, deu – formal ou informalmente - conta à organização de “qualquer incidente relevante” ou “comunicou a existência de qualquer incumprimento”.
Classificando a atitude do autarca do Porto de “insuportável deslealdade e uma traição ao espírito de boa-fé” que acreditavam “existia entre ambas as partes e que a organização do MIMO sempre honrou”, lembram que a primeira edição do festival no Porto, nos dias 23, 24 e 25 de setembro de 2022, aconteceu de “forma absolutamente extraordinária em todas as suas dimensões, tendo superado as expectativas”.
Esse evento, sublinha a empresa, decorreu “gratuito, feito para os moradores do Porto e não apenas para turistas - reuniu aproximadamente 150 mil pessoas em três dias de evento, sem nenhum registo de ocorrência policial e qualquer outro minimamente suscetível de colocar o festival em risco”.
“A organização do MIMO desconhece o contexto e ou as motivações que levaram a declarações tão violentas e caluniosas… mas é cristalino que, além de bom senso, faltou sensibilidade”, acusa a empresa, manifestando a “esperança” de que se esteja perante uma “lamentável e trágica sucessão de mal-entendidos”, dizendo-se à espera de ser contactada pela CMP para lhe “serem prestadas todas as explicações obrigatórias e devidas”.
Contactada pela Lusa, fonte do gabinete do presidente da Câmara do Porto, explicou que na origem da cisão “está um episódio ocorrido no sábado à noite [24 de setembro de 2022] durante a atuação do DJ Branko, no Largo Amor de Perdição, que devido a uma providência cautelar interposta pelos moradores tinha de terminar à 1h00, e que assim foi exigido pela câmara”.
“Passou a 1h00, o DJ não quis terminar. A PSP pediu para que terminasse e ele não aceitou, acabando a energia e o som por serem desligados abruptamente pela PSP e pela empresa municipal Ágora [Cultura e Desporto] cerca da 1h20. E isso foi o culminar de um conjunto de pequenos incidentes que ocorreram durante o festival e onde eles [empresa] faziam tábua rasa do que eram as recomendações e boas práticas na organização de festivais na cidade”, acrescentou.
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