Palco Principal - O seu novo álbum tem um título bastante especial - “Nha Sunhu” (Meu sonho). Era um disco que queria gravar há já muito tempo?
Eneida Marta - Sim, queria produzir o “Nha Sunhu” há muito tempo, mas foi gravado no momento que devia ser gravado: agora!
PP - “Nha Sunhu” foi gravado entre Bissau, Lisboa e Paris. Reflete, de certa forma, as diferentes vivências em cada uma destas cidades?
EM - Não. Gravei na Guiné-Bissau porque, além de ser o meu país, precisava de trazer a sua sonoridade e energia da forma mais genuína possível. Portugal e França, por sua vez, falaram mais alto na parte técnica, porque em ambos os países trabalho com músicos que me iriam responder da maneira que o “Nha Sunhu” merecia, e assim foi, graças a Deus.
PP - À exceção de “Nha Sunhu”, as letras do seu novo álbum resultam de uma seleção de trabalhos de alguns dos mais famosos poetas guineenses. O que a levou a criar um disco com esta forte ligação à literatura?
EM - Em primeiro lugar, sou fã de todos eles (e de muitos outros), mas o mais importante foi o facto de achar que poderia usar a minha voz e fazer chegar aos ouvidos de todos estes poemas fabulosos.
PP - Os seus temas são completados com o som de diversos instrumentos musicais, como piano, flauta, kora ... No concerto em Portugal, também se vai fazer acompanhar dos músicos que participaram na gravação deste seu novo disco?
EM - Infelizmente, nem todos os músicos que gavaram no meu álbum vão poder estar presentes em todos os concertos. Ainda assim, a grande maioria irá apresentar-se em concerto comigo.
PP - Já afirmou que as suas inspirações não passam por artistas femininas. Existe alguma razão em particular para que isto aconteça?
EM - Não existe nenhuma razão em particular, é algo inexplicável, de certa forma! Eu mesma já me questionei sobre este ponto. (risos)
PP - O facto de ser, também, embaixadora da música da Guiné-Bissau modificou a sua perspetiva da música?
EM - Não mudou em nada minha perspectiva perante a música, porque acredito que, quando se sabe o que se está a fazer e se acredita no mesmo, não será certamente um título que nos fará mudar a nossa perspectiva.
Catarina Soares
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