“No âmbito da sua temporada, a Gulbenkian Música apresenta três programas, com peças marcantes do reportório do compositor, incluindo uma recriação moderna de uma peça histórica, ‘Polytope de Cluny’. Em coprodução com a Philharmonie de Paris – Cité de la Musique, o Centro de Arte Moderna (CAM) exibe ‘Revolutions Xenakis’, uma exposição recentemente apresentada em Paris, que dará a conhecer a génese, o contexto e o processo criativo das notáveis arquiteturas sonoras de Iannis Xenakis”, refere a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) em comunicado.
A FCG recorda que Iannis Xenakis, nascido no seio de uma comunidade grega na Roménia, além de compositor, “autor de uma vasta obra composta por quase 150 peças”, foi arquiteto, engenheiro e entusiasta da matemática e da informática.
“A sua escrita, baseada na matemática e na representação gráfica da notação musical, revolucionou a noção de som musical, e o seu conceito de massas sonoras esteve na origem de timbres inauditos. Pioneiro em vários domínios, como a música eletroacústica ou a informática musical, os seus célebres espetáculos de luz e som conquistaram um vasto público, constituindo uma das marcas distintivas do seu notável trabalho”, salienta a FCG.
A Gulbenkian lembra ainda que encomendou “mais de uma dezenas de obras” a Xenakis, “um dos compositores mais inovadores e influentes do século XX”.
O primeiro concerto da programação dedicada a Xenakis acontece hoje, com o Coro e Orquestra Gulbenkian, dirigidos por Pedro Amaral, a interpretarem duas peças “que testemunham o interesse do compositor pela cultura grega e pela ciência: ‘Anastenaria’ e ‘Pithoprakta’”.
No domingo, realiza-se o espetáculo imaginado pelo percussionista Tomás Moital, no qual o Coro Gulbenkian interpreta um programa composto por cinco obras, “em que se destaca a peça ‘Pour la Paix’, uma das raras ocasiões em que Xenakis trabalhou uma abordagem mista eletroacústica”.
Os dois espetáculos acontecem no Grande Auditório da sede da FCG e têm entrada gratuita, “mediante levantamento de bilhete no próprio dia a partir das 10:00”, num máximo de dois bilhetes por pessoa.
O programa continua em dezembro, com “a reconstituição moderna de ‘Polytope de Cluny’, uma obra revolucionária composta no início dos anos 1970, que propunha um diálogo entre música, artes visuais e arquitetura, antecipando as criações multimédia”.
“Em homenagem aos 50 anos desta obra, será apresentada uma nova versão, desenvolvida pelo coletivo musical nu/thing e o estúdio de design visual ExeriensS, que parte do mesmo dispositivo da peça original de Xenakis, incorporando a tecnologia mais recente”, refere a FCG.
Esta peça é apresentada em cinco sessões, no Grande Auditório, que serão repartidas pelos dias 02 e 03 de dezembro.
Também em 03 de dezembro, é inaugurada a exposição “Revolutions Xenakis”, na Sala de Exposições Temporárias do Museu Gulbenkian, que ficará patente até 23 de março de 2023.
A mostra, dividida em seis núcleos, “centra a atenção do visitante nas fases mais marcantes da carreira de Xenakis”.
“Uma instalação de arte digital realizada pelo atelier ExperiensS cobrirá o teto e as paredes do espaço central de exposição, numa transposição dos célebres espetáculos de luz e som – Polytopes [Polítopos] – para a atualidade”, descreve a fundação.
Segundo a FCG, “uma das curiosidades da exposição consiste na recriação do estúdio onde Xenakis desenvolveu o seu trabalho, o que permite ao público entrar no seu espaço íntimo criativo e observar os livros que compunham a sua biblioteca e que dão testemunho da sua paixão pelas culturas grega e não europeias, pela música, filosofia, natureza, arquitetura e matemática”.
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