“Na música popular americana, ninguém gravou por um período tão longo e num tão elevado nível de excelência como Tony Bennett”, escreveu o portal AllAboutJazz sobre o cantor que editou mais de 70 álbuns, esteve no topo de vendas desde a década 1950 e reuniu consenso entre artistas e público.
Em entrevista à agência Associated Press em 2006, uma década antes de lhe ter sido diagnosticado Alzheimer, Tony Bennett dizia que era um tenor que cantava como um barítono e que gostava de “entreter a audiência e fazer com que se esquecessem dos problemas”.
“Eu acho que as pessoas gostam quando ouvem alguma coisa que é sincera e honesta, e talvez tenha um bocadinho de sentido de humor… Quando atuo, gosto que as pessoas se sintam bem”, disse na mesma entrevista, aos 80 anos.
No obituário publicado hoje, a AP escreveu que Tony Bennett foi o último dos grandes cantores de bares e clubes – e casinos - da segunda metade do século XX, que sobreviveu à ascensão do rock e conquistou a "geração MTV" com um repertório de canções de Cole Porter, Irving Berlin ou George Gershwin.
O primeiro grande sucesso de carreira surgiu em 1962, tinha 36 anos, com o tema “I Left My Heart in San Francisco”, dos até então desconhecidos George Cory e Douglass Cross.
Tony Bennett nasceu Anthony Dominick Benedetto a 3 de agosto de 1926 no bairro de Queens, em Nova Iorque, de uma família italiana. Estudou música e pintura – duas artes que praticou em paralelo – mas desistiu da escola para ajudar a família.
Foi estafeta, trabalhou em restaurantes, ingressou no exército durante a Segunda Guerra Mundial e cantou para as tropas norte-americanas na Alemanha.
A AP diz que a primeira gravação que se conhece do cantor remonta a 1946, “St. James Infirmary”, para a rádio das Forças Armadas norte-americanas.
No ano seguinte, gravaria “Fascinatin’ Rhythm”, de George Gershwin, com o nome artístico Joe Bari.
Na biografia oficial, editada em 1998, o cantor recordou que foi o comediante Bob Hope que o batizou de Tony Bennett e previu o sucesso internacional, depois de o ter visto a atuar em Nova Iorque, enquanto Joe Bari.
Em 70 anos de carreira, que também ficaram marcados por problemas financeiros e com drogas, são muitos os músicos com quem Tony Bennett atuou e gravou, como Count Basie e Bill Evans, Barbra Streisand, Paul McCartney, Stevie Wonder, Amy Winehouse e Lady Gaga.
Em 2014, aos 88 anos, Tony Bennett tornou-se no artista mais velho ainda em atividade a chegar ao topo da tabela de vendas da Billboard, nos Estados Unidos, com o projeto “Cheek to Cheek”, repartido com Lady Gaga.
Em 2017, numa entrevista à revista digital JazzWax, de Marc Myers, Tony Bennett lembrou a parceria e o modo como o trabalho com Bill Evans o marcou. Recordou então um diálogo com o pianista, antes de um concerto, quando este lhe disse que "apenas interessava seguir a verdade e a beleza" da música e "ficar por aí."
Tony Bennett, que foi aconselhado a não imitar o estilo de Frank Sinatra, venceu 19 prémios Grammy, a maioria depois dos 60 anos, e dois Emmy.
O seu último álbum saiu em 2021, intitulado “Love for Sale”.
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