O júri do Prémio Pessoa 2024, cujo vencedor foi anunciado hoje em conferência de imprensa em Sintra, destacou que a obra de Luis Tinoco “revela um sólido domínio da forma e da instrumentação, bem como a linguagem eminentemente pessoal que privilegia a comunicação afetiva com o público, sem nunca comprometer o rigor da escrita”.

O compositor, em declarações à Lusa, ficou “imensamente feliz e surpreendido” por saber que o seu nome mereceu a preferência do júri este ano, num país que, “entre a área das Artes, das Ciências e das Letras está recheado de pessoas que merecem este prémio”.

“É um voto de confiança enorme. Deixa-me muito feliz, não só a título pessoal, mas também a título daquilo que é a área profissional em que me movo, que é a área da Música, da música clássica, da música erudita”, afirmou.

Luís Tinoco lembrou que a área da Música “tem estado muito pouco presente” no Prémio Pessoa. Esta é a terceira vez que alguém daquela área recebe a distinção. O Prémio Pessoa foi atribuído pela primeira vez em 1987. A pianista Maria João Pires foi distinguida em 1989 e o compositor Emmanuel Nunes em 2000.

“Além da alegria pessoa que sinto, espero que esta seja também uma forma de colocar a música e os músicos portugueses no mapa dos interesses das pessoas. E que isso contribua para revitalizar e fortalecer esta área profissional em que me movo”, afirmou.

O anúncio do Prémio Pessoa 2024 aconteceu na véspera de ser estreada uma nova peça do compositor.

“Amanhã [sexta-feira] no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, [os pianistas] Pedro Burmester e Mário Laginha estreiam uma peça minha para dois pianos”, revelou Luís Tinoco, que em 2025 estará concentrado sobretudo em dois projetos.

Em março estreia nos Estados Unidos da América a música que está a criar para um ensemble de câmara. Já para o final do ano, em dezembro, tem prevista a estreia de um bailado, da companhia Paulo Ribeiro, para o qual irá escrever uma peça orquestral. A estreia irá acontecer no festival de Cannes, em França.

O vencedor do Prémio Pessoa 2024 recebe 70 mil euros. Luís Tinoco ainda não pensou no destino que irá dar ao dinheiro, mas “seguramente haverá muita maneira de o fazer desaparecer depressa”.

O Prémio Pessoa é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos que “visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país”. O valor do prémio subiu este ano de 60 mil para 70 mil euros.

Este ano o júri foi composto por Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, Emílio Rui Vilar, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques, com Francisco Pedro Balsemão a presidir e Paulo Macedo como vice-presidente.