“Bruiser”, um título forte. Mas força é, precisamente,o que falta no terceiro álbum de originais dos britânicos The Duke Spirit, que, neste álbum,se revelam mais maduros, embora excessivamente cautelosos. Desta cautela, que não é residual, surge-nos uma mediana proposta que, embora fique no ouvido, denota uma masterização excessiva e uma necessidade desesperante em fazer um bom álbum.
Essa esforçada necessidade talvez tenha legitimado a banda a abandonar o registo de “Neptune”, de 2008, claramente mais cru e rasgado, e optado por uma sonoridade mais construída e completa."Bruiser" não profana de maneira nenhuma o rock que ostenta, possuindo poderosas linhas de baixo e baterias a condizer, como que a encaixar na perfeição com a voz melódica de Liela Moss, no entanto, é contra producente, no sentido em que perde imprevisibilidade e originalidade, não nos deixando, após ouvirmos, aquele “bichinho” para nova audição.
“Bruiser” arranca com “Cherry tree”, uma catchy song que retrata na perfeição o que o álbum tem para nos oferecer. Mexida, negra em determinadas partes, é nos riffs de guitarra que esta se assume bem mais categórica. “Procession”, a fazer lembrar uns menos explosivos “Guano Apes”, é seguida de “Villain”, onde finalmente se vê a faceta mais melódica de Liela Moss, devidamente acompanhada por um piano, naquele que é o tema mais negro do álbum.
Seguem-se “Dont wait” e “Surrender”, primeiro single retirado de “Bruiser”, que nos capta com um refrão apelativo, onde as influências de um “jump rock” são claras. Já “Bodies” revela-se como a canção mais complexa, quer a nível de construção, quer a nível de composição de todo o registo. Uma boa faixa, com boa progressão e uma interessante presença de um piano entre o devaneio sob a forma de riffs das guitarras.
“De lux” e “Sweet bitter sweet” assumem-se como boas faixas, de leve audição, denunciando, no entanto, uma certa sensação de deslocação, como se não pertencessem ao álbum que estamos a ouvir. É claramente aqui que o álbum perde mais fulgor, não acompanhando os anteriores registos. Contudo, é interessante a posição dos dois temas, pois assumem-se como um break para recebermos “Running fire” e “Everybody`s under your spell”.
Da sonoridade rock de “Everybody`s under your spell” passamos para a mais sentimental “Northbound”, que se assume diferente do restante álbum, um pouco mais pausada, deixando as notas da guitarra respirar em contexto com o registo vocal, chegando a ser demasiado repetitiva em determinadas partes. “Homecoming” encerra o album com um sentimentalismo pouco característico, revelando uma zona de conforto para a vocalista, Liela Moss. A maneira como esta coliga uma letra pesada com uma sonoridade melancólica dá resultado, assumindo-sea faixacomo a balada do álbum.
Neste registo, denota-se esforço da banda em fazer um bom álbum, no entanto, a falta de espontaneidade, a rigidez de composição e um excesso de makeover denunciam falta de ambição em atingir um patamarno qualos “The Duke spirit” se possam finalmente cimentar, com ideias refrescantes e próprias.
Jorge Alexandre Dias
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