José Mário Branco e Sérgio Godinho, Lena d'Água e Alexandra, José Cid, Paulo de Carvalho, Tonicha, Vitorino, Samuel, Maria Guinot, Manuel Freire, Carlos Mendes, Rui Veloso, Luís Represas e João Gil foram apenas alguns dos músicos que aderiram à iniciativa lançada pela RTP e a RDP, a que se juntaram também editoras discográficas, nacionais e internacionais, que então tinham representações e centros de decisão em Portugal.
A canção, que envolveu José Fanha, José Mário Branco e Pedro Osório, na conceção, tornou-se numa das mais ouvidas no país - a par das suas contemporâneas e igualmente solidárias "Do They Know it's Christmas?" e "We Are the World" -, e no rosto de uma operação de ajuda, que envolveu a Misericórdia de Lisboa, os CTT e a Caixa Geral de Depósitos.
Houve um concerto, à escala nacional, como tinha havido o "Live Aid", a nível global, ambos numa tentativa de responder à seca que atravessava África, e provocava a fome e a morte das populações, da Etiópia a Moçambique.
O resultado dos donativos, das vendas do disco, dos bilhetes do concerto e dos direitos, de que músicos, autores e editores prescindiram, traduziram-se, segundo notícias da época, em mais de 20 toneladas de ajuda, entre medicamentos, roupas e brinquedos, enviados para Moçambique.
A canção propunha-se "abrir outro mar, fazer a ponte cá dentro do peito, dar um abraço, que é dado a cantar", para "o mar ficar mais estreito", porque "quando a seca tira o pão, é doença que tem cura, no abraço de um irmão".
O 'single' foi gravado nos estúdios da Rádio Triunfo, numa versão cantada e outra instrumental, envolveu músicos e promotores de editoras como a CBS (atual Sony), Dacapo, Edisom, Polygram, Sassetti e Transmédia, contou com distribuição da EMI - Valentim de Carvalho e cada exemplar foi vendido a 300 escudos (cerca de 1,5 euros), com a receita a reverter integralmente para o "Povo Moçambicano", como foi inscrito na capa do disco.
Jorge Palma, Janita Salomé e Júlio Pereira, a Brigada Victor Jara, os Terra A Terra e os Trovante, Helena Isabel, Paco Bandeira, Raul Indipwo, do Duo Ouro Negro, Pedro Barroso e Teresa Silva Carvalho foram outros participantes no projeto.
Com eles estiveram o baixista Zé Da Ponte, o baterista Guilherme Inês, o guitarrista José Carrapa e João Nuno Represas, nas percussões, o violinista Aníbal Lima e o violetista (e compositor) Alexandre Delgado, a par de outros músicos de orquestras então existentes, como a Gulbenkian e a Sinfónica da RDP, todos sob a direção de Pedro Osório.
O projeto culminou num concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no dia 23 de julho de 1985, exatamente dez dias depois do Live Aid, em Londres e Nova Iorque.
Em 2000, foram as cheias que justificaram um "novo abraço" a Moçambique. Na altura, três meses de tempestades causaram mais de 700 mortos, 300 mil refugiados e deixaram mais de um milhão de pessoas sem casa.
A edição do disco "Moçambique, Um Novo Abraço" procurou responder à catástrofe. Juntou "repetentes", como Paulo de Carvalho, Pedro Barroso, José Cid e Carlos Mendes, e trouxe veteranos como Simone de Oliveira, Carlos Zel, Jorge Fernando e Bonga, recentes revelações da época, como Susana Félix, João Pedro Pais, Marta Dias, Diana Basto, André Sardet e Mafalda Arnauth, além de músicos como Adelaide Ferreira, Luís Portugal, Celina Pereira e Dany Silva, e de bandas como Santos & Pecadores, Delfins e UHF.
O músico João Gil, com a Cruz Vermelha Portuguesa, lançou na quinta-feira o desafio aos artistas lusófonos para participarem na "Operação Imbondeiro - O Maior Concerto do Mundo", via internet, para angariarem fundos destinados a Moçambique, país afetado pelo ciclone Idai.
Rui Veloso e Luís Represas, que também estiveram no primeiro abraço, são dois nomes já associados ao projeto.
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