Neste espetáculo, Inês Campos explora as leis da perceção da mente humana, numa viagem que questiona os pressupostos da linguagem, do tempo, da expectativa e da beleza.
A criadora e sua equipa entrelaçam dança, teatro visual e música, criando uma colagem de acontecimentos com base numa ideia de padrão em repetição, mas sem nunca ser igual.
Através deste processo, a artista informa continuamente o que se segue e que vive de referências conscientes e inconscientes, num espetáculo que usa a sincronia entre o movimento, a luz e o som, num efeito "Mickey Mousing" - técnica com origem no cinema de animação que sincroniza movimento e música -, sobrepondo camadas que coabitam de forma quase incongruente e que podem ter várias leituras simultâneas.
Inês Campos, cofundadora da banda Sopa de Pedra, é uma artista multidisciplinar, que trabalha como coreógrafa, atriz, bailarina, música e artista visual, tendo colaborado em peças de coreógrafos como Tânia Carvalho, Flora Détraz, Sofia Dias e Vítor Roriz, e em projetos de artistas visuais como Kalle Nio.
A estreia de "Artificĭu" acontece depois do espetáculo a solo "Coexistimos", em 2018, dando continuidade a "projetos artísticos híbridos" que exploram a relação entre o corpo e o seu lugar simbólico, a partir de "um imaginário de poesia pragmática, ou realismo mágico, que justapõe o real e o irreal".
O espectáculo inclui fragmentos e citações da série televisiva “Undone”, de Raphael Bob-Waksberg e Kate Purdy, que joga com a natureza elástica da realidade, e da obra-chave de John Berger, “Modos de Ver”, que transformou a perceção da arte, nos últimos 40 anos, a partir de um ensaio e de uma série de televisão (BBC), demonstrando como conceitos de beleza, verdade, género e classe social moldam a perspetiva da realidade.
A execução de "Artificĭu" conta com Inês Campos e Dylan Read.
A sonoplastia é de Filipe Fernandes, Inês Campos e João Grilo e o desenho e operação de luz é de Mariana Figueroa.
Os objetos em palco e a cenografia são de Inês Campos e João Calixto.
“Artificĭu” terá representações na sexta-feira e no sábado, às 19h00, e, no domingo, às 17h00.
Formada na Escola Superior de Dança e na Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq, em Paris, Inês Campos participou nas digressões internacionais de "Sons Misteriosos", de Sofia Dias e Vitor Roriz, de "Muyte Maker", de Flora Détraz, e "Icosahedron", de Tânia Carvalho.
Com Marta Cerqueira criou "Sublinhar", e fez parte do projeto coletivo "This Takes Time", com Aleksandra Osowicz, Filipe Pereira, Helena Martos e Matthieu Ehrlacher, que promoveu "o encontro entre cinco autores, 23 quilos de plástico e 1710W de potência em ventoinhas", para um estudo de organismos em constante transformação.
Participou nas longas-metragens "A Metamorfose dos Pássaros", de Catarina Vasconcelos, "Amor Fati", de Cláudia Varejão, e "Body Buildings", de Henrique Câmara Pina.
Como artista visual, tem peças em vídeo, design e a partir de objetos pré-existentes.
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