O nome D.A.M.A. já não é novidade para ninguém desde que os rapazes começaram a crescer a olhos vistos nos palcos portugueses. Para nós os concertos começaram a acumular, e o dia 6 de fevereiro de 2015, no auditório Olga Cadaval em Sintra, foi apenas mais um dos momentos musicais para a nossa conta.

As piadas feitas com "A Balada do Desajeitado" já são usuais, mas parece que não existe dia em que elas não se enquadrem na perfeição e, desta vez, a mira esteve na direção da organização do concerto. Com casa cheia, completamente lotada, seria de esperar que as portas abrissem com bastante tempo de antecedência, mas não foi esse o caso, levando assim à ao atraso de meia hora para o início do espetáculo. E mantendo o tema de conversa por mais um bocado, foi com algum choque que nos deparámos com casa cheia, ou melhor, sobrelotada. A multidão era tanta que houve pessoas a ficar de pé para assistir ao concerto e, como seria de esperar, nós também.

Contudo, o público estava eufórico e a plateia maioritariamente feminina gritava em plenos pulmões, como se estivesse num concerto sem cadeiras e ambiente mais formal. E foi com "Popless" que o público viu tudo começar, sendo presenteado pelo som acústico até a banda juntar a sua voz ao tema.

Miguel, Francisco e Miguel Cristovinho apareceram um por um, levando a plateia ao rubro de tal forma que o som era abafado pelos gritos entusiastas. "Temos de confessar que não fazíamos ideia de como ia ser por estarmos habituados  a ter tudo de pé. Mas não pensem que vão passar o tempo todo sentadinhos! Nós começámos em Oliveira de Azeméis e não queremos parar!", foram as palavras de Miguel Cristovinho num dos muitos momentos de comunicação com o público.

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E não puderam faltar faixas como "Às Vezes" que, contrariamente ao seu título, estão sempre presentes nos concertos destes rapazes. O mais recente single dos D.A.M.A. foi um dos mais belos momentos da noite com um coro perfeito da plateia que se entusiasmou de tal maneira que ocupou o momento de Miguel. "Calma! Mas quem é que vos deu autorização para cantarem a minha parte?", brincava o cantor levando ao riso generalizado.

E toda a primeira parte foi passada num cenário intimista, com os três sentados em palco com luzes suaves a incidir sobre as suas figuras, tendo havido tempo para uma dedicatória com "Luísa" e para mais um coro com "Eu sei". "Isto é giro neste formato. Queremos convidar-vos para a nossa sala de estar, para o ambiente em que nós estamos quando o Cristovinho chega a casa com uns acordes novos. É um sentimento de nostalgia", declarava Miguel para, uma vez mais, expor a felicidade que todos sentiam perante um público e cenário tão avassalador.

Mas foi antes de uma mudança de palco que todo o espetáculo descambou, não fosse Cristovinho ter sido deixado sozinho em palco e ter decidido que se devia juntar ao público, ocupando assim um pequeno espaço no meio do corredor da plateia que levou à agitação dos mais fanáticos. E se a ideia era haver lugares sentados e marcados, pouco importou a partir do momento em que todos se levantaram e deslocaram para puder ver o seu ídolo mais de perto numa pequena medley com "Save The World" e "Don't You Worry Child", dos Swedish House Mafia.

Foi com "Quer" que todo o palco se mostrou, deixando cair o pano para um novo visual bem mais colorido, e talvez até algo excessivo na sua opção de luzes, com fãs a queixarem-se dos olhos após serem frequentemente encandeados pelas mesmas.

Como se não bastasse toda a agitação passada, a chegada da "Balada do Desajeitado" levou o público ao rubro, deixando-se arrastar até ao palco onde se formou a habitual confusão dos concertos em pé. No entanto, nenhuma outra nos trouxe tanta alegria como este (quase) hino dos D.A.M.A, juntando todos num coro alegre onde até aqueles com mais dificuldades, motoras e mentais, revelaram a sua faceta mais feliz e descontraída enquanto cantavam em plenos pulmões sem falhar uma nota.

"Espero que estejam a gostar tanto quanto nós. É o maior auditório que temos e isso está a notar-se imenso. Obrigado! Trabalhámos com o Salvador, com a Gaby, e com outra cantora maravilhosa, a Mia Rose. Ela não está cá hoje, mas esta música é para ela", dedicava o boo de Mia com a faixa "The Secrets In Silence".

A surpresa da noite foi obra de Paulo Junqueiro, diretor da Sony Music Portugal, quando subiu ao palco para uma homenagem aos três rapazes. "Desculpem interromper. Eu sei que vocês não me querem ver a mim, mas sim aos D.A.M.A., mas nós queremos fazer uma homenagem a eles. Este é o disco de ouro dos D.A.M.A.!", foram as palavras de Paulo Junqueiro, sendo seguido de Miguel Cristovinho, que agradecia a todos os seus fãs, e por Francisco que, uma vez mais, optou pelo tom divertido: "Vamos lá para a platina?".

E após um curto encore, os rapazes deram aos fãs aquilo que estes mais desejavam: a sua faixa e versão de eleição. Nesse sentido, "Torn" foi a primeira a ser apresentada por Miguel Cristovinho, com uma pequena dedicatória: "Vocês não têm a noção do quão bom é estar aqui convosco. Gostava de vos dedicar uma música que não é nossa, mas que nos marcou e que desde aí nos acompanha". Por fim, a noite não seria a mesma sem um retorno de "A Badalada do Desajeitado".

Em conclusão, a nossa opinião não muda e, retirando o essencial dos nossos artigos sobre os rapazes, parecemos um disco riscado, mas a verdade é esta: Os D.A.M.A. são, provavelmente, o melhor grupo juvenil dos últimos tempos que canta, maioritariamente, em português. E, como se não bastasse, o seu valor musical é superado pela essência humana e humilde de cada um dos três rapazes, que demonstram plena humildade e gratidão aos seus fãs, não se deixando ofuscar pela fama conquistada. Queriam mais um? Nós também!

Fotografia: Ana Castro