Criticando a monarquia, que "a deixa perplexa", a escritora afirmou que "se sente melhor numa república", numa entrevista publicada este sábado pelo jornal italiano La Repubblica.

"Espero poder fazer em breve o percurso inverso da minha família e tornar-me irlandesa", explicou Mantel, que é de origem irlandesa pelo lado dos avós.

Esse projeto foi "interrompido" pela pandemia da COVID-19, relatou a romancista, de 69 anos, duas vezes vencedora do prestigiado prémio literário Man Booker pelos dois primeiros volumes da sua trilogia sobre Thomas Cromwell, ministro do rei da Inglaterra Henrique VIII.

Apesar de apreciar o lugar onde vive, "à beira-mar" no sudoeste da Inglaterra, a romancista explica que "sente a necessidade de fazer as malas o mais rápido possível e voltar a ser europeia".

Para ela, o Reino Unido é "uma construção artificial e precária".

Na mesma entrevista, a autora critica o primeiro-ministro Boris Johnson, defensor ferrenho do Brexit, com quem se cruzou várias vezes.

"Não deveria estar na vida pública e tenho certeza de que sabe disso", frisou, expressando a sua "vergonha de viver numa nação que elegeu este governo".

Mantel também classificou os pró-Brexit de "oportunistas imaturos, hipócritas e, muitas vezes, ridículos".

O Brexit gerou um aumento no número de pedidos para obtenção de cidadania irlandesa por parte de ingleses nascidos no Reino Unido que desejam preservar a sua liberdade de circulação na UE.