Num novo formato, pela primeira vez fora do Castelo de Leiria, o festival vai explorar "um novo território", o que cria expectativas, como explicou o presidente da organizadora Fade In, Carlos Matos: "Tudo indica que a nona edição do festival gótico, à semelhança das anteriores, vai ser também um sucesso em termos de afluência de público, já que a qualidade da programação musical, de elevada bitola, está há muito assegurada".
Os concertos de Current 93, Ulver e Heilung - que vão ter lugar no Teatro José Lúcio da Silva, com lotação limitada a 737 pessoas - são os destaques numa programação "cuidadosamente escolhida" para que Leiria tenha "a oportunidade de assistir a concertos incríveis com alguns dos maiores nomes de culto mundiais".
Os concertos do alemão Christian Wolz e dos franceses Rïcïnn, com entrada gratuita, foram transferidos da Igreja da Misericórdia para o Museu de Leiria na sequência da contestação, por entidades religiosas e por vereadores da oposição (PSD) à utilização daquele espaço, dessacralizado e transformado em Centro de Diálogo Intercultural, para uma residência artística de alunos da Escola Superior de Dança em abril deste ano noutro festival, o Metadança.
Em comunicado, a Câmara de Leiria justificou a alteração dos concertos do Extramuralhas com "a recente polémica gerada em torno da utilização deste espaço dessacralizado para um espetáculo de dança", decisão contestada pela associação Fade In, que organiza o festival.
"Pela Fade In nunca mudaríamos de lugar, não temos nada a temer, nem nos preocupam as polémicas. Nunca desrespeitámos ninguém e assim continuará a ser. Mas a Câmara Municipal de Leiria é coorganizadora do evento e, como tal, tem sempre uma palavra a dizer. Compreendemos a sua decisão", afirma à agência Lusa o presidente da associação, Carlos Matos.
Na rede social Facebook, o responsável foi mais contundente: "A censura artística, neste caso (e em 99,99% dos casos) é totalmente absurda. Nada nesta banda [Rïcïnn] é horrível, nada nesta banda é ofensivo, nada aqui é sórdido. Nada justifica tamanha tacanhez".
O presidente da Fade In lembra que luta "há mais de 25 anos por uma mudança de mentalidades" na cidade, mas "pelos vistos tem sido trabalho em vão”.
“Hoje sinto-me pequenino, impotente. O clero radical existe e tem muito poder. Cuidado!", lamentou.
A alteração de local garante que o Extramuralhas "se realize com o espírito festivo que lhe é tão caraterístico", evitando "que possa ser associado a uma polémica a que é totalmente alheio".
A realização do Extramuralhas em quatro espaços de Leiria será "um marco", sublinha Carlos Matos. "Vai permitir às pessoas que nunca foram às edições que aconteceram no Castelo poderem usufruir, de forma gratuita, a um pouco do espírito do festival e verem algumas das bandas que o caracterizam".
Esta é, contudo, uma mudança circunstancial, enquanto decorrerem as obras no monumento que define a mística associada ao festival criado pela Fade In. Em 2020, concluída a requalificação, o festival voltará a ser Entremuralhas, espera a organização.
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