Ao segundo dia, a Semana Académica de Lisboa apronta-se para receber Diego Faria, Nelly e Funkyou2. Depois de na quinta-feira uma das vocalistas dos Vengaboys ter aconselhado os estudantes a “smoke a lot of pot”, tudo poderia acontecer num recinto que, mais uma vez, esteve bem composto. Os rituais recomeçam e, assim, recomeça também mais uma noite da SAL.
Por volta das 22h30 já as barracas das associações estudantis estão ao rubro, mas no palco ainda tudo está calmo. A tuna a atuar angaria alguns espectadores, mas a maior parte continua junto da barraca da sua Associações de Estudantes há espera que Diego Faria traga o sertanejo até ao Salódromo. Contudo, isso só viria a acontecer às 23h30, uma hora depois.
Habituados a ouvir os sons brasileiros nas barracas, o público da SAL não parece desconfiar nem descolar de Diego Faria. O cantor vem acompanhado por quatro dançarinas que não deixaram as ritmadas músicas ir abaixo.
Elas Ficam Loucas, o grande êxito de Diego Faria, dá o ponto de partida para um espectáculo repleto de sertanejo, mas que no entanto pouco teve de Diego Faria. Em frente ao palco alguns deliravam com o hit after hit de covers que Diego Faria foi trazendo à SAL, mas esta combinação não chegou para conquistar o público que se ia baloiçando por simpatia.
Pouco depois da 1h da manhã, o palco recebe o cabeça de cartaz do dia. Nelly entra e, pelas reações do público, sabemos perfeitamente que há ali muitos fãs do rapper norte-americano.
Entre os gritos histéricos, o repertório de Nelly faz-se notar, após uma breve Blurred Lines, com Hot In Herre. “I said / It's gettin' hot in here / (So hot) / So take off all your clothes / (Ohh) / I am gettin' so hot, I wanna take my clothes off / (Uh, uh, uh, uh, oh)”, cantou Nelly e, lá no fundo, sabemos que este é o desejo do public que de repente preencheu qualquer vazio que existia antes frente ao palco principal.
Pouco depois entra uma das canções mais conhecidas de Nelly: Dilemma. Não está cá Kelly Rowland para a cantar, mas isso não faz com que o momento não seja aproveitado pelo público com uma certa nostalgia.
Ouve-se o refrão: “no matter what I do, all I think about is you / Even when I'm with my boo, boy you know I'm crazy over you”, e os que tinham dúvidas que Nelly ia chegar a todos, estas dissiparam-se. Apesar de, na realidade, o nome do rapper já não ter tanto significado hoje em dia (lançou um álbum em 2013, M.O.), Nelly foi bastante conhecido na primeira década do século XXI.
O repertório da noite traz-nos ainda Over and Over, Get Like Me, Hey Porsche, e Party People, um hino à festa. O público ouve: “I just walked through the door, what's it gonna be? / I can't get to the floor (girls all over me) / Where my party, pa' party party pa' party people at?”, e sabe que está no sítio certo para aproveitar mais uma noite lisboeta.
Para terminar Nelly entoou Just A Dream que aconchegou a multidão que entretanto já estava ali para ver o seu passado musical ao vivo. Apesar de já não estar tanto em voga, notou-se que Nelly, com 37 anos, ainda está cá para as curvas. Cumpriu o seu papel, apesar de não ter surpreendido.
Após um curto intervalo, e já novamente mergulhados na multiplicidade de músicas que vagueiam junto das barracas, começamos a ouvir, ao fundo, os primeiros acordes de Diamonds: os Funkyou2 já aterraram na SAL. A música de Rihanna é uma espécie de mel que atrai o público sem cerimónias.
Segue-se Swedish House Mafia, um nome incontornável e que marca sempre presença nos set’s, e Sebastian Ingrosso, Tommy Trash, John Martin juntam-se para um inspirado Reload. Os habituais hits da música eletrónica vão passando entre uma ou outra drop mais agressiva, graças às hábeis capacidades dos Funkyou2 que souberam articular de forma exímia os vários momentos.
Ouve-se Feel So Close, do Calvin Harris, e Spaceman, de Hardwell, e percebe-se qual é a onda dos Funkyou2. Comercial, sem dúvidas, mas com uma inclinação para batidas e músicas que marquem pela diferença. Ao contrário de outros, não assassinaram Show Me Dom, de David Guetta, nem Animals, de Martin Garrix, para satisfação do SAPO On The Hop.
Segue-se uma das músicas mais tocadas nesta SAL, Watch Out For This dos Major Lazer, e inesperadamente segue-se também um hit português: Minha Casinha, dos Xutos e Pontapés. Aqui sim, o público vai ao rubro.
Boyaah, dos Showtek, e Tsunami, DVBBS & Borgeous, prosseguem o espectáculo e, mais uma vez, os homicidas não figuram nesta atuação. No entanto, é com Selfie que o público – uns a gostar, outros a gozar – anima-se e, na realidade, tira uma selfie para as 12313123 redes sociais onde estão. Houve ainda tempo para o habitual vídeo com todos agachados e, ao 1…2…3…, todos a saltar. Talvez um dos momentos mais marcantes da SAL.
O momento romântico da noite é da autoria de All Of Me que leva os mais sentimentais a cantar o refrão sem dó nem piedade. Entram em jogo Feel The Love e Waiting All Night, dos Rudimental, que atuaram na quinta-feira, e ainda Hor Right Now que traz um ritmo acelerado à atmosfera.
Radioactive traz um ambiente mais pesado, mas a chave d’ouro do final é com um nome português: Richie Campbell. That’s How We Roll fecha um set que mostrou realmente como ‘rolam’ os Funkyou2, sem preconceitos, apenas com uma grande habilidade de saber ouvir, combinar e alegrar a multidão que se juntou à frente do palco principal da SAL.
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