Os trabalhadores da EGEAC - Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa marcaram uma greve de 24 horas na passada quarta-feira, por melhores condições de trabalho, que teve impacto no funcionamento de galerias, salas de espetáculo e museus, conforme a agência Lusa verificou, junto dos equipamentos.

A estreia anunciada para ontem da peça "Vento Forte", de Jon Fosse, pelos Artistas Unidos, no Teatro Variedades, foi adiada para esta quinta-feira, uma vez que "não há técnicos suficientes para que haja espectáculo", disse fonte do teatro, contactada pela Lusa.

A greve obrigou também ao encerramento do Teatro Romano e do núcleo da Casa dos Bicos, e condicionou uma série de outros equipamentos, que se mantiveram abertos, mas com funcionamento limitado.

Foi o caso do Museu da Cidade, que - segundo fonte da direção - esteve a funcionar, mas os quatro funcionários da bilheteira fizeram greve, assim como o LuCa - Teatro Luís de Camões, que durante o dia só tinha a exposição "A Loja a Fingir do Museu Imaginário", mas a bilheteira esteve encerrada.

O Castelo de S. Jorge, onde trabalhadores se concentraram de manhã, publicou nas redes sociais que, "por motivo de greve", os serviços seriam "fortemente afetados", nomeadamente "bilheteira, visitas guiadas, acesso à Câmara Escura, Núcleo Arqueológico e Loja", podendo "mesmo encerrar ao longo do dia", não sendo "possível validar o Lisboa Card ou emitir bilhetes para residentes do Concelho de Lisboa".

A Lusa contactou diretamente os serviços do Castelo, mas não obteve resposta.

O Cinema São Jorge não tinha programação pública para quarta-feira, assim como o Teatro do Bairro Alto, de acordo com a suas agendas, e o Museu do Aljube esteve aberto ao público, mas o seu serviço educativo e as visitas guiadas foram afetados.

Quanto ao São Luiz Teatro Municipal, viu-se obrigado a cancelar o espetáculo agendado para quarta-feira, como deu conta num e-mail que informava que, devido à greve dos trabalhadores da EGEAC, "a sessão desta quarta-feira, 27 de novembro, do espetáculo Lina_Fado Camões, Misty Fest 2024, está cancelada".

A mesma nota informa que o reembolso do valor do bilhete pode ser pedido até segunda-feira, dia 16 de dezembro na bilheteira do Teatro, através dos contactos telefónicos e dos e-mails bilheteira@teatrosaoluiz.pt ou info@blueticket.pt, no caso de a compra ter sido feita online.

Já o Museu do Fado e o Museu de Santo António estiveram abertos, apurou a Lusa, junto das instituições.

Logo de manhã, fonte sindical tinha dado conta de que a Casa Fernando Pessoa e as Galerias Municipais de Lisboa iriam estar fechadas na quarta-feira devido à greve dos trabalhadores da EGEAC por melhores condições de trabalho.

Na altura, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) não tinha "muitos dados de adesão à greve", mas já sabia que a Casa Fernando Pessoa e as Galerias Municipais iriam estar fechadas e que no Castelo de São Jorge as bilheteiras estariam fechadas, embora os bilhetes pudessem ser adquiridos ‘online’”.

Sobre a paralisação, Nuno Almeida contou que, depois de uma greve parcial a 30 de outubro, foi decidido avançar para uma de 24 horas, uma vez que não houve qualquer ‘feedback’ por parte da empresa para negociar e resolver os problemas dos trabalhadores.

De acordo com o sindicalista, nos últimos três anos a administração da EGEAC, empresa municipal que gere 24 equipamentos e espaços culturais do concelho, tem vindo a “desrespeitar e desvalorizar” o processo negocial.

“O que tem acontecido é uma falta de negociação por parte da administração em relação às matérias salariais. A administração tem-se limitado a dar aumentos salariais iguais aos que o Governo tem determinado para a administração pública”, disse.

O sindicalista lembrou que os trabalhadores da EGEAC – mais de 400 - ficaram de fora da medida de valorização das carreiras determinada para os trabalhadores da administração pública em 2023.

A carência de trabalhadores em vários equipamentos, a falta de investimento na melhoria das condições de trabalho, a ausência de medicina de trabalho, a desregulação dos horários e a prática de assédio laboral são outras das queixas.

No final de outubro, numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a EGEAC disse que existe uma “relação colaborativa e de diálogo franco” com os trabalhadores.

“Não obstante as tomadas de posição públicas, existe e continuará a existir - entre a empresa, os sindicatos e a comissão de trabalhadores - uma relação colaborativa e um diálogo franco e aberto sobre todas as temáticas que envolvem a gestão de pessoas”, referiu.