O Hard Club abriu portas pela primeira vez num espaço em Vila Nova de Gaia, a 18 de dezembro de 1997, antes de se mudar para o Mercado Ferreira Borges, no Porto, em setembro de 2010.
Na sexta-feira, as comemorações arrancam pelas 22:00, numa noite que tem Manel Cruz como cabeça de cartaz e que conta ainda com O Bom, O Mau e o Azevedo e o regresso das Rubber Sessions.
No segundo dia, o destaque vai para o coletivo Orelha Negra, num dia virado para o hip-hop, que conta ainda com a dupla Ermo e o Conjunto Corona, antes de o domingo ter uma configuração diferente.
A 17 de dezembro, a banda punk Patrulha do Purgatório irá atuar depois da exibição do documentário “Enterrado na Loucura: Punk em Portugal 78-88”, realizado por Hugo Conim e Miguel Newton.
O ponto alto do dia é uma sessão de conversa e concerto, pelas 21:30, intitulada “Conta-me Histórias”, com a banda portuense Zen, que em 2000 editou um disco ao vivo gravado no antigo espaço do Hard Club.
Outra das iniciativas que marcam o aniversário é a inauguração de duas exposições de fotografia no átrio do espaço, uma relacionada com os vários concertos que marcaram os 20 anos do Hard Club, e outra com o processo de construção do novo espaço.
Em 1996, Kalú, dos Xutos & Pontapés, foi abordado pelo eventual sócio, Pedro Lopes, quando estava envolvido com o Johnny Guitar, bar lisboeta do colega de banda Zé Pedro, para a aposta na criação de uma sala, que começou por abrir em Vila Nova de Gaia.
“Ultimámos o negócio e o conceito num concerto dos AC/DC no Estádio do Restelo. Convenceu-me. Queria muito entrar em expansão no Johnny Guitar, que me deixava sempre água na boca porque não dava para levar lá muitas bandas pelo tamanho, e para que a malta do Porto não tivesse de ir a Lisboa ver concertos”, revelou à Lusa o baterista dos Xutos & Pontapés, numa conversa antes da morte de Zé Pedro.
As obras duraram quatro meses num local que pertencia à família de Carlos Ferreira, “abandonado há 30 anos depois de ter sido uma antiga tanoaria e uma fábrica de especialidades de cortiça” e de ter ardido num incêndio.
Depois do negócio facilitado pela familiaridade, a intervenção “não foi complicada” e o conceito foi mantido, com o espaço a abrir a 18 de dezembro de 1997 com “casa cheia e bar aberto”.
Entre as noites memoráveis no antigo espaço, com capacidade para 800 a 1.000 pessoas, Kalú destaca “o concerto dos Rammstein em 1998, quando ainda estavam a começar, e foi memorável, inesquecível”.
Depois de encerrar em 2006, o Hard Club manteve-se “à procura de um espaço” e em 2008 concorreu à exploração do Mercado Ferreira Borges, recebendo a licença de exploração e vendo premiado o projeto de reconversão do edifício em 2009, no Prémio Nacional de Indústrias Criativas.
O espaço voltou a abrir em setembro de 2010, com duas salas de concertos, restauração, mercados e outras iniciativas multidisciplinares.
Hoje em dia, considerou Kalú, o Hard Club é “uma casa de referência de concertos”, num “sítio extraordinário” e que “tem importância como uma casa boa e com visibilidade”, e destaca o papel do espaço na "progressão" de projetos musicais nacionais emergentes ao longo dos anos.
Ter “mais relevância no panorama europeu” está nos planos e o Hard Club quer “entrar em circuitos da música europeia que tragam artistas que como promotor não consegue”.
“O Musicbox, por exemplo, pertence a uma rede que trabalha nessa base. Quero que o Hard Club também esteja nisso”, atirou.
Segundo o baterista, “o Hard Club é idolatrado em Lisboa” e tem como “objetivo” abrir uma segunda sala na capital, ainda que esse plano “não seja para já”.
“As coisas têm estado melhor, sem dúvida, mas não estamos num ponto de poder avançar. Temos tido bastante apoio da Câmara de Lisboa na procura de sítios, para o lado de Xabregas, mas ainda não é a altura. Já é uma conversa antiga e para mim era o topo. Tornava tudo muito mais fácil, ao ter uma banda como os Cigarettes After Sex [que atuaram no Hard Club a 26 de novembro] poder fazer logo Porto-Lisboa”, acrescentou.
Nas apostas de futuro está a dinamização da sala 2 como “um clube”, com o espaço a abrir todos os dias e a apostar em bandas emergentes da cidade e “no jazz, que não tem entrado tanto aqui”, bem como a exposição de artistas no átrio.
“Outro objetivo para 2018 é entrarmos na produção própria. (...) Vamos aumentar a equipa para trabalhar esse lado e a parte da comunicação e de logística. O aniversário vai servir um pouco como teste para isso”, revelou.
O Hard Club, que abriu portas ainda em Vila Nova de Gaia a 18 de dezembro de 1997, e que hoje em dia inclui ainda um restaurante e emprega “cerca de 60 pessoas”, festeja 20 anos de existência com três dias de concertos, com Manel Cruz, Orelha Negra e Conjunto Corona, entre outros nomes, a 15, 16 e 17 de dezembro.
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