Na petição, datada de 9 de maio e hoje divulgada, a Campo Aberto "exige ao gerente da MEO para deixar claro que não quer o nome da sua empresa manchado sobre uma decisão errada do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e sua falta de vontade de ouvir a voz da razão”.
No documento, publicado numa plataforma internacional de petições, a Campo Aberto destaca que a MEO “é o principal patrocinador deste festival de música que está prestes a mudar o seu local habitual, perto do rio Douro, para o local mais impróprio para um mega festival - lado a lado da protegida Reserva Natural Local do Estuário do Douro, onde centenas de pássaros vivem, nidificam e descansam na sua migração”.
“Esta é a terra das aves e se alguém considerar aqui um palco, deve ser para as aves”, assinala o documento que conta hoje com mais de 230 assinaturas.
Em nota hoje divulgada, a Campo Aberto apela à assinatura desta “petição internacional” como uma “forma de manifestar a vontade de ver preservada a Reserva Natural Local do Estuário do Douro”.
Para os ambientalistas, “é uma infelicidade que o executivo municipal tenha julgado adequado aceitar a realização do Festival Marés Vivas a algumas dezenas de metros da reserva”, admitindo porém ser “improvável” que o evento vá “destruir” aquele espaço.
“Irá beneficiá-la? Seguramente, não. Irá prejudicá-la? O bom senso e o parecer de biólogos respeitados não podem deixar de fazer-nos reconhecer que sim”, sustentam.
A associação assinala que “a própria Câmara (bem como algumas entidades que esta invoca em defesa da sua decisão) reconhece que, a realizar-se o Festival, seriam necessárias medidas de mitigação (sempre falíveis, como é evidente)” o que “equivale a reconhecer que o festival prejudica a reserva”.
A Campo Aberto apela ainda ao diálogo, defendendo ser “tempo ainda” de “reunir à mesma mesa todos os interessados, fora de qualquer quadro limitadamente formal, e reanalisar toda a questão desde, como se diz popularmente, a estaca zero”.
“Reanalisar todo o conjunto da zona à luz do melhor bem possível para o concelho tendo em conta os seus valores naturais e ambientais interessaria certamente a todas as partes”, acrescenta.
Desde o início do ano que a nova localização escolhida para o festival de verão, junto à reserva do Estuário do Douro, tem motivado críticas de associações ambientalistas como a Quercus que já apresentou duas providências cautelares para impedir a realização do evento.
Em abril foi criado o Movimento Cívico SOS Estuário do Douro, que, em comunicado, referiu ter apelado aos artistas para que se “recusem a atuar” no festival, tendo redigido uma carta aberta ao cantor Elton John onde pedia para não participar no evento.
Também em abril a promotora do festival Marés Vivas admitiu que irá avançar judicialmente contra o movimento cívico SOS Estuário do Douro pela “chantagem e ameaça de boicotar” o evento.
Já no início de maio, a Câmara de Gaia anunciou que irá agir judicialmente contra “pessoas e/ou instituições” que optam pelo “boicote” ao Marés Vivas.
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