O disco é composto por 14 temas, abrindo com “Na Boca de Toda a Gente”, uma letra de Tiago Torres da Silva, que gravou na melodia do Fado Daniel, de Daniel Gouveia, e é exclusivamente constituído por poemas inéditos, entre eles dois de autoria de Linda Leonardo, mas também poemas de Fernando Tordo, Humberto de Sotto-Mayor e Carlos Baleia, sendo Torres da Silva o poeta mais cantado.
Linda Leonardo assina a letra de “Quase Perfeito”, que canta na melodia tradicional do Fado Menor, e a de “Lisboa, Sei-te de Cor”, que gravou numa música original de Marino de Freitas, e a composição musical de “Sono dos Anjos”, uma letra de João Conchinhas, com a qual fecha o álbum.
Este “é um disco de fado tradicional, excetue-se o último tema, ‘Sono dos Anjos’, que é mais uma balada, mas eu sou uma fadista tradicional”, sublinhou Linda Leonardo, que canta há cerca de 30 anos.
O álbum foi gravado em Londres em 2006, e só esta semana é comercializado em Portugal, e exigiu, na época, um investimento por parte da fadista de 5.200 euros na sua produção. Face ao desinteresse das discográficas nacionais, foi editado apenas, em termos internacionais, pela inglesa ARC Music.
“Não quis editar em Portugal, pois alimentei sempre a esperança que uma editora nacional se mostrasse interessada, tanto mais que este foi um álbum em que apostei para vir a ser conhecida a nível nacional, e é de facto um álbum com muita qualidade”, disse a fadista à agência Lusa.
Questionada sobre o que diferencia este disco dos dois anteriores, a fadista afirmou: “Este é um álbum com outra dimensão, com uma escolha criteriosa de repertório, com excelentes músicos, de primeira água, com uma excelente captação de som, produzido pelo baixista Marino de Freitas que difere dos anteriores, que foram feitos para vender, apenas, nas casas de fado onde cantava”.
A fadista decidiu, finalmente, editá-lo em Portugal, pois como explicou, “não queria partir para outro trabalho, outro disco, sem que este fosse devidamente conhecido [em Portugal]”.
O disco é editado em Portugal com um novo título, “Eterno Fado” e uma nova capa, mas o mesmo alinhamento, nada tendo sido alterado.
No disco, a fadista é acompanhada pelos músicos José Manuel Neto, Ricardo Rocha e Fernando Silva, na guitarra portuguesa, Diogo Clemente, Carlos Fonseca, Artur Caldeira, Carlos Correia e Carlos Macieira, na viola, Marino de Freitas, na viola-baixo, Filipe Raposo, ao piano, António Barbosa, no violino e Ricardo Mota, no violoncelo.
A criadora de "Tempo de gaivotas" conta editar um próximo álbum, mas, entretanto, “fez-se justiça a este ao dá-lo a conhecer aos portugueses”, até porque o considera o seu “cartão-de-visita”.
Linda Leonardo considera que “o fado hoje está um bocado maltratado, as referências do que é o verdadeiro fado, perderam-se, desde que passou a património Imaterial da Humanidade, toda a gente quer cantar o fado, aquilo que era visto como um bocado duvidoso e ambientes duvidosos, os ambientes de fado, agora são um luxo, toda a gente o quer cantar, e o que antigamente era depreciativo, hoje é um orgulho, mas chegámos a este estado em que anda muita gente a cantá-lo muito mal”.
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