Hoje, em conferência de imprensa, o responsável pela programação do espaço, Carlos Martins, explicou que este não será “um lugar de consumo cultural, mas sim um lugar de encontro” e, nesse sentido, “será oferecido um lugar aos criadores, à educação, à mediação cultural e à formação, além do consumo cultural”.
“Nessa dimensão da programação mais tradicional diria que as grandes apostas são o cinema e a música, e queremos tê-los desconstruindo essa ideia de fronteiras entre o contemporâneo e o clássico, entre o popular e o erudito”, disse.
Na área do cinema, Carlos Martins salientou que serão exibidos filmes clássicos, começando no sábado, com o filme "O garoto de Charlot", de Charlie Chaplin, mas “também haverá colaborações com os filmes vencedores do festival Indie desta última edição, com essa ideia de se juntar passado, presente e futuro no mesmo lugar”.
Na música, “começamos com um concerto da Orquestra Filarmónica, constituída essencialmente por músicos da região Norte de Portugal, que têm ali uma oportunidade de se apresentar e trabalhar profissionalmente, mas no dia seguinte temos já as novas bandas de rock do Porto a atuar, mantendo essa ideia de lugar de encontros entre expressões, entre formas de ver o mundo, entre culturas, entre países”.
“É essa a filosofia que temos e acreditamos que há um lugar a ocupar na oferta cultural da cidade e da região com esta perspetiva, um projeto de comunidade, um projeto de bairro, mas que se abre ao mundo”, frisou.
De acordo com Carlos Martins, a Sala Estúdio acolherá vários projetos culturais da cidade, alguns sem espaço próprio, como é o caso da companhia de teatro Seiva Trupe.
Segundo o responsável, a Seiva Trupe está a preparar um projeto para este local, que será apresentado publicamente nas próximas semanas.
“Acreditamos que vai ser um dos marcos fundamentais da programação deste espaço, cujos contornos ainda estão a ser definidos”, disse.
Carlos Martins disse ainda pretender contribuir para o “renascimento da relação com o cinema na cidade, depois do encerramento de muitas salas de cinema de rua”.
“Essa é uma das nossas preocupações e fazemo-lo através do aluguer e passagem de filmes, mas também com a colaboração de festivais de cinema. Para já com festivais de cinema portugueses, mas a ideia é alargá-lo a outros festivais internacionais e trazer os filmes premiados, mostrando à cidade aquilo que melhor hoje se faz de cinema a nível regional, nacional e internacional”, sustentou.
Na música, “acima de tudo, haverá lugar para as novas editoras, as novas bandas, os novos artistas porque, de facto, têm muita dificuldade em programar na cidade, dada a inexistência de salas de música pop rock, independente e também a nível clássico”.
“Há poucos espaços e os que existem têm de ser marcados com muita antecedência, e têm uma programação que também é muito intensa, e isso impede que esses novos criadores possam ter um circuito de apresentação, ou fazem-no em bares e em condições nem sempre ideais”, acrescentou.
Uma outra aposta será “no trabalho com as famílias e com as escolas”.
“Vamos fazer uma aproximação ao sistema escolar e queremos começar a entrar no currículo dessas escolas, oferendo-lhes espaços para, por exemplo, poderem assistir a um filme ou experimentar uma oferta musical. Integrar estes espaços não apenas como consumidor, mas [passando a fazer parte do] próprio processo educativo”, frisou.
Por outro lado, Carlos Martins salientou a oferta para famílias, tendo em atenção que atualmente “não existe uma oferta muito estruturada para famílias, que permita, por exemplo, que pais e filhos possam vir ao cinema em simultâneo. A nossa preocupação é encontrar formatos, tempo e modelos de apresentação adequados ao consumo em família”.
A Sala Estúdio, concebida pelo arquiteto Luís Cunha, foi inaugurada em 1966 e considerada, nos anos de 1970, “um marco” cultural no Porto". Na década seguinte encerrou e assim se manteve durante mais de 20 anos.
A Sala Estúdio pertence ao Centro de Caridade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e tem já programação agendada até março de 2022.
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