As paisagens rurais dos Países Baixos não são propriamente um tópico comum nos cenários que se deslindam pelas livrarias portuguesas. E aquilo que a jovem escritora pôs a ocupar estes espaços não são propriamente tulipas – mas antes umas flores com espinhos bastante venenosos.
A narrativa desenvolve-se sob a perspetiva de um veterinário, cheio de traumas de infância e com um casamento há muito arruinado, que desenvolve uma obsessão por uma adolescente de 14 anos que vive na quinta onde ele trabalha. Há suspeita de uma epidemia de doenças bovinas pela região, há uma menina abandonada pela mãe e em negação de tal facto, há um envolvimento sexual nesta espécie de recriação da famosa fábula de Vladimir Nabokov – cujo “Lolita” é citado no texto.
Marieke, que ganhou o Man Booker com o seu primeiro livro, “Noite do Desassossego”, cresceu num ambiente singular, detalhado precisamente neste seu romance de estreia: uma família ultra religiosa e conservadora, daquelas que já nem se imagina existir num país liberal.
A situação era de tal relevo que ela chegou a ler o muito perigoso "Harry Potter" às escondidas. O resultado veio parar às páginas do seu livro de estreia e estende-se por “Minha Querida Favorita”, onde ela pouco se poupa a temas pesados e em desafiar o leitor.
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