Tarik Mishlawi nasceu em Phoenix, no estado do Arizona, nos Estados Unidos, mas a sua casa é Portugal. E é a partir deste lado do Atlântico que o artista cria a sua música, que já ultrapassou várias fronteiras e que recebeu elogios de diversos meios internacionais.

Depois de vários singles e de dezenas de concertos, Mishlawi aventurou-se no seu primeiro disco. "Solitaire" chegou a 8 de fevereiro e conta com a colaboração do produtor Prodlem - “Audemars”, com a participação de Nasty C, “Bad Intentions” e “Uber Driver” são os três primeiros singles do álbum.

Apesar de o disco chegar aos 22 anos, a música esteve sempre presente na vida do luso-americano. "A música, na realidade, sempre fez parte da minha vida mas de formas diferentes. Comecei a tocar vários instrumentos, comecei pela bateria e toquei baixo elétrico. O meu pai tocava numa banda, tipo aquelas bandas de 'cotas' da nossa rua, que há nos Estados Unidos... e ele deu-me umas dicas na guitarra. Mas só aos 15 anos é que comecei a escrever músicas e a cantar", recorda ao SAPO Mag.

Mishlawi
Mishlawi créditos: Facebook Mishlawi

"É difícil de dizer quem foi a minha grande inspiração porque foram muitos artistas e esqueço-me sempre de algum nome. É por fases, há artistas diferentes, músicas diferentes, estilos diferentes. Mas digo sempre o J Cole. O J Cole sempre foi uma grande inspiração para mim no mundo do hip-hop e de algumas cenas do R&B. Não acho que a música dele tenha muito em comum com a minha, mas foi a forma como ele escreveu as canções... e as músicas dele sempre me inspiraram. Se não fosse ele, acho que hoje em dia não estava a fazer música. Foi por isso que comecei a escrever", confessa Mishlawi.

"Nos Estados Unidos, aquilo que eu faço é muito mais popular"

Os primeiros passos na música foram dados em Portugal. Para o artista, se estivesse a viver nos Estados Unidos, tudo poderia ser diferente. "Não sei se estaria a fazer a música neste momento. É difícil imaginar como seria a minha carreira se estivesse noutro sítio e fora de Portugal. As experiências todas, os sítios onde fui e as pessoas com quem me cruzei fazem diferença na minha vida e naquilo que eu faço agora", sublinha.

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Mishlawi créditos: Paulo Teixeira

"Nos Estados Unidos, aquilo que eu faço é muito mais popular. Em Portugal, sou um norte-americano, que também é português, a fazer música em inglês ao estilo dos Estados Unidos. Sou o primeiro a fazer isto aqui e, no início, foi difícil para as pessoas perceberem, acho eu", acrescenta.

Antes de "Solitaire", Mishlawi conquistou milhares de fãs com os primeiros singles, como "All Night" ou "Ignore". Segundo a Sony Music, o disco reflete "o crescimento individual e autónomo do artista, e a forma como aprendeu a 'jogar' contra as dificuldades inerentes ao momento em que se encontrava na sua composição".

Ao SAPO Mag, o artista confessa que sempre sonhou editar um disco original. "Sempre quis fazer um álbum, desde que lancei o primeiro single, o 'All Night', em 2016. Sempre quis fazer um álbum, mas percebi que não era assim tão fácil. Não é só juntar 12 ou 15 músicas. Queria uma cena com uma linha de pensamento do início ao fim, com uma sonoridade própria, em que as pessoas podem ouvir e pensar: 'ya, isto é o Mishlawi'. No início foi complicado porque ainda estava a tentar encontrar a direção para onde queria ir e também precisava que o disco tivesse temas diferentes - um equilíbrio de conceitos diferentes", frisa.

"É um disco muito pessoal"

"É um disco muito pessoal. Antes do álbum, lancei muitos singles e com os singles é mais complicado ser mais profundo com as ideias e explicar o que estou a sentir, o que estou a pensar. Com o disco não há a mesma pressão de lançar algo para chegar a um público mais geral - podes ter singles, para o público mais geral, e depois tens aquelas canções para o público mais chegado e posso falar de coisas mais pessoais, sobre a minha família, sobre o que estou a sentir", explica Mishlawi.

O álbum "Solitaire" é editado pela Bridgetown Records e distribuído pela Sony Music para Portugal. Já no Reino Unido e Estados Unidos, o álbum tem selo da Island Records - editora responsável pelo catálogo de artistas como Drake, Ariana Grande, Kid Cudi, entre outros; e pela Universal Music na Alemanha.

"Acho que o maior desafio da internacionalização é estar presente nos países todos onde há pessoas que querem apoiar o que eu faço. Não posso estar sempre a ir. Por exemplo, já fomos várias vezes para a Rússia - depois de Portugal, é o meu público mais chegado. Já fiz três concertos na Rússia e tenho muita gente a comentar as minhas coisas e a falar comigo nas redes sociais... mas é difícil estar lá com eles e mostrar a cara. Cá em Portugal é fácil, posso fazer coisas a toda a hora para estar com o público. E isso faz sentido com os outros países onde estamos a tentar chegar", conta o músico.

O luso-americano Mishlawi vai apresentar pela primeira vez o disco no Hard Club, no Porto, e no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 22 e 23 de fevereiro e 9 de março, respectivamente - ambas as datas para o Hard Club encontram-se esgotadas.

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Mishlawi créditos: Paulo Teixeira

Os concertos vão contar com a participação de HEX, o rapper britânico conhecido por temas como “Me, Myself and I”, “Limitless”, “Heartbreaker” e “Canadian Drip".

"Estou a preparar o concerto com a minha banda, estamos a ensaiar. O público pode esperar algumas surpresas e convidados. Será o primeiro concerto com uma duração mais longa - sempre foi uma coisa complicada para mim porque não tinha músicas suficientes. Agora, com o álbum tenho muito mais músicas para apresentar e acho que o público vai gostar", revela Mishlawi  ao SAPO Mag.