Com o subtítulo “O fim dos deuses”, o romance é uma releitura pessoal da origem e fim dos deuses da mitologia nórdica, cujo nome “Ragnarok” (em islandês significa “crepúsculo dos deuses”) se refere a um acontecimento profético que conduziria ao fim do mundo.
Do ponto de vista dos nórdicos, o apocalipse aconteceria durante uma grande batalha entre os deuses, que causaria várias catástrofes naturais no planeta, conduzindo à sua destruição.
Neste romance, mistura de mitologia com autobiografia, a autora de "Possessão" (vencedor do Booker Prize de 1990) traça um paralelismo entre o crepúsculo dos deuses e a destruição dos recursos do planeta por parte da nossa civilização.
Inspirada por leituras da infância, de que dá conta no agradecimento que faz à mãe, no início do livro, por lhe ter oferecido “Asgard e os Deuses”, A.S. Byatt consegue uma obra “encantatória, na qual a intensidade autobiográfica e a reconstrução poética dos mitos nórdicos contribuem para delinear um inquietante paralelismo” entre a profecia nórdica do fim do mundo e os atuais problemas climáticos, descreve a editora.
“Ragnarok – O fim dos deuses” tem como protagonista uma menina de cinco anos que, durante os bombardeamentos realizados na Segunda Guerra Mundial pela aviação alemã contra o Reino Unido (Blitz), é posta a salvo no paraíso do campo inglês.
É lá que encontra companhia na leitura de um grande volume encadernado sobre os mitos nórdicos. “Ódin, Loki, Baldur e a terra de Midgard desfilam avidamente pelos seus olhos, tornam-se nomes e locais familiares, abrindo uma janela para a exploração de um mundo que é, afinal, espelho do seu”, segundo a sinopse do livro.
Publicado originalmente em 2011, o romance “Ragnarok”, que o jornal The Times classificou como “poético e urgente”, chega agora pela primeira vez a Portugal.
A.S. Byat nasceu em Yorkshire, em 1936, tornou-se escritora a tempo inteiro em 1983 e, além do Prémio Booker (Man Booker de 2002 a 2019), já foi galardoada como Comendadora da ordem do Império Britânico, em 1990, e com o grau de Dama-Grã-Cruz, em 1999.
No âmbito dos mitos clássicos recontados por autores contemporâneos, a Elsinore publicou, em outubro do ano passado, “O elmo do Horror”, do escritor russo Victor Pelevin, que reconta a história mitológica do Minotauro.
Nesta versão, o autor coloca sete jovens - o mesmo número que, segundo o antigo mito grego, deveria todos os anos ser sacrificado ao Minotauro - prisioneiros num labirinto no interior da Internet, confinados a um ‘chatroom’, procurando a todo o custo sair deste labirinto virtual e regressar ao mundo real.
No mesmo mês chegou às livrarias “A Odisseia de Penélope”, de Margaret Atwood (Prémio Booker 2000), que reconta a “Odisseia”, centrada na personagem Penélope, a mulher de Ulisses que, morta e esquecida pelo mundo, vagueia pelos infernos e pode finalmente contar a sua própria versão.
Já em janeiro deste ano, a Elsinore publicou o mito de Sansão revisitado pelo escritor israelita David Grossman (Prémio Man Booker internacional 2017, com “Um cavalo entra num bar”), num livro intitulado “O mel do leão”, que teve a sua publicação original em Portugal pela Teorema, em 2006.
Este romance apresenta o guerreiro bíblico em toda a sua complexidade e projeta-o no mundo de hoje, através da revisitação da luta de Sansão com o Leão, as suas muitas mulheres e a traição de todas elas, e a sua última ação mortal, quando faz ruir um templo sobre ele próprio e milhares de filisteus.
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