“Ela morreu durante o sono como queria, sem sofrer”, disse à agência France Presse a sua filha, Blandine de Caunes, adiantando que a escritora “teve uma vida muito bonita”.
“Há o choque da morte, mas é melhor assim pois ela não andava muito bem”, disse ainda.
Benoîte Groult só começou a escrever depois dos 40 anos e, depois de ter editado com a sua irmã Flora (“Le Journal à Quatre Mains”, “Le Féminin Pluriel” e “Il Était Deux Fois”), publicou o seu primeiro romance sozinha em 1972, “La Part Des Choses”.
Três anos mais tarde, aos 55 anos, publicou “Ansi soit-elle”, ensaio mordaz sobre a condição imposta às mulheres. Este livro-manifesto tornou-se um ‘bestseller’ com um milhão de exemplares vendidos e várias traduções.
Nasceu a 31 de janeiro de 1920 em Paris, de pai decorador e mãe estilista, e foi professora de literatura e jornalista. Casou três vezes (o jornalista Georges de Caunes e o escritor Paul Guimard foram seus maridos) e teve três filhos.
“Sentia-me uma cidadã de segunda classe, ausente do mundo e efetivamente levei tempo a acordar”, explicou um dia.
Em 1984, é encarregada por Yvette Roudy, a ministra socialista dos direitos da mulher, de presidir à Comissão de Terminologia para a feminização dos nomes e enfrenta a oposição da Academia Francesa, que a trata como “preciosa ridícula”.
Os seus livros “Os Vasos do Coração” (1988), uma história de amor e um outro sucesso de vendas, “Um Toque na Estrela” (2006), onde aborda a velhice e a escolha da morte, e “Minha Fuga” (2008), a autobiografia onde confessa ter “a impressão de ter vivido uma interminável corrida de obstáculos”, estão editados em português.
Em 2013, publicou uma biografia da revolucionária francesa Olympe de Gouges, pioneira do feminismo francês.
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