O charme de Father John Misty (Carlos Sousa Vieira)

Foi de forma exuberante e em êxtase que Father John Misty se apresentou ao público no palco secundário. O norte-americano, para além de interpretar os grandes temas, como Holy Shit, Bored in the USA ou ainda Chateay Lobby #4 (in C for Two Virgins), teve um dos pontos altos quando cantou I Love You, Honeybear, durante o qual apareceu nas suas mãos um soutien, provavelmente lançado por uma fã mais devota. Josh Tilman fez questão de exibir a sua prenda, para animação de quem estava na plateia. Resumindo: teve a noite ganha.

A carinhosa relação de amor entre o Reino Unido e o NOS Alive, que a política veio complicar (Raquel Cordeiro)

Foals
Foals

Cai a noite e cruzamos o recinto. Aproximamo-nos das mesas de matraquilhos ainda a tempo de testemunhar um animado e louco jogo que opõe uma dupla portuguesa a uma inglesa. Os portugueses dominam com facilidade, habituados a estas andanças como nos afirmam; os ingleses, entre gargalhadas, rejeitam misturar as equipas.

Depois de perderem o jogo sem marcar qualquer golo, decidem criar uma dupla luso-britânica em cada um dos lados da mesa. O inglês - que no jogo anterior tentara marcar o golo de honra com a mão e falhara - agarra na minha mão e diz: "Olha para isto: portugueses e ingleses a divertirem-se juntos. Eu votei ficar". Este ano, mais de 30 mil bilhetes do festival foram vendidos a estrangeiros.

Entre as 88 nacionalidades presentes, depreendemos que nem todos tenham chegado das ilhas britânicas, mas a verdade é que muitos o fizeram (mesmo não sendo naturais do Reino Unido). Mas será a última vez que o farão? Felizes e animados, não escondem querer regressar - os que ainda conseguem falar connosco.

Para os mais atentos, talvez tenha chegado assistir a alguns minutos de Foals para que se apercebessem da t-shirt negra que o baterista da banda inglesa vestia: as estrelas da União Europeia e, no meio do símbolo da bandeira da União, a frase "I don't wanna break up with the EU" ("Eu não quero terminar o meu relacionamento com a UE").

Os arrojados e enérgicos Foals não são os únicos que o referem. Um casal de ingleses confidencia-nos que o Brexit os impedirá de regressar ao festival que, na sua opinião, suplanta a concorrência britânica. "Votámos para ficar. Somos europeus, sentimo-nos europeus. Queremos voltar. Votámos ficar".

Cinema e música: A união perfeita ganha outras dimensões (Ana Rita Santos)

De piqueniques a cosplay: O ambiente no primeiro dia do NOS Alive
De piqueniques a cosplay: O ambiente no primeiro dia do NOS Alive

Os filmes que transportam os heróis das páginas dos comics para o grande ecrã são uma moda que veio para ficar: muitas das vezes, um vício. Quando caminhamos pelo recinto do NOS Alive, encontramos pessoas que se transformam em Joker, casais com tatuagens alusivas a super-heróis ou as tão famosas t-shirts.

Como fã assumida, não deixei de me surpreender com a paciência - e resistência ao calor - daqueles que foram além das t-shirts e vestiram a pele das personagens. Quando, ao passear pelo evento, me deparei com nada mais nada menos do que o Mr. J, Joker e a sua namorada/inimiga, ex-psiquiatra, Harley Quinn, quis registar o momento. O cartaz era tão bom, tão bom, que os vilões da DC Comics decidiram vir ouvir umas músicas... Que banda se adequará mais ao seu gosto musical?

Novas bandas sonoras para o próximo ano (Tiago David)

Years and Years
Years and Years

Radiohead, Arcade Fire, Tame Impala ou M83 foram algumas das bandas que passaram pelo palco principal e que mais público conquistaram. Apesar de os cabeças de cartaz serem a motivação para a compra de bilhetes, no final do festival o público sai com uma longa nova lista de artistas que quer conhecer melhor num futuro próximo.

Years and Years foram uma das bandas emergentes que pisaram o Palco NOS. Apesar de nas primeiras filas estarem alguns fãs do trio britânico, a grande maioria do público só conhecia um ou dois singles da carreira da banda de Olly Alexander.  Mas no final do concerto, muitos festivaleiros ficaram com vontade de ir explorar o universo dos Years and Years. "Têm músicas tão boas e são muito queridos. Tenho de ouvir mais", comentava um jovem.

O trio não foi a única surpresa do festival. Nos palcos secundários, as descobertas foram muitas. Grimmes, Vintage Trouble, L.A. e Hana foram alguns dos artistas que conquistaram novos seguidores.

Mais do que ir ver concertos de bandas que seguimos (quase) religiosamente, ir a um festival como o NOS Alive é uma oportunidade única de conhecer novos sons, novas bandas e alargar playlists.