Vinte e três anos depois, Joana Vasconcelos volta ao lugar onde já foi feliz. “Em 2000, ganho o Prémio Novos Artistas Fundação EDP. Para um artista que está no princípio da sua carreira, a fazer umas coisas aqui e ali, a certa altura quer fazer uma exposição individual e mostrar quem é. Foi essa a oportunidade que a EDP me deu em 2001”, conta Joana Vasconcelos, agora com uma carreira internacional consolidada, durante a visita guiada à exposição.

Composta por sete obras que se estendem pela MAAT Central – antiga Central Tejo – e MAAT Gallery, a exposição individual reúne instalações inéditas, peças icónicas e ainda obras da Coleção de Arte Fundação EDP. É na MAAT Central que a artista apresenta a imponente Árvore da Vida, uma estrutura com 13 metros de altura projetada para a Sainte-Chapelle de Vincennes em Paris a propósito das celebrações da Temporada Cultural Portugal-França 2022.

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Plug-in créditos: Ana Caetano

Adornada com 140 mil folhas, todas cuidadosamente bordadas à mão e alguns milhares iluminadas com pequenas luzes LEDS, a instalação é o reflexo de um esforço manual e de uma energia emocional coletiva presa no confinamento: “É um trabalho que só foi possível porque efetivamente ninguém tinha nada para fazer. (...) Eu tinha a perceção de que após o confinamento as coisas iriam mudar, e eu queria sair desse período com a sensação de que se fez algo único e algo ligado a um novo recomeço”, afirma a artista.

“Gostaria de salientar que esta exposição é um conjunto muito diferente do que aqueles que foram apresentados no Palácio Nacional da Ajuda em 2013 e em Serralves em 2019”, destaca. Com um conjunto muito mais monumental, Plug-in tem uma forte tónica social que incentiva o diálogo coletivo ao colocar na esfera pública, junto à frente ribeirinha de Belém, duas das suas obras mais icónicas: Solitário (2018), anel de noivado que conjuga dois dos mais estereotipados símbolos de luxo – automóveis e diamantes –, e I’ll Be Your Mirror (2019), uma surpreendente máscara veneziana constituida por 255 molduras e 510 espelhos de mão sobrepostos. Evocando a ideia de fragmentação e da multiplicidade de identidades do sujeito, trata-se de uma “peça intrigante em que as pessoas têm de se procurar para se verem”, revela.

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Plug-in créditos: Bruno Lopes

É na Galeria Oval do MAAT Gallery que se encontra a monumental Valkyrie Octopus (2015), uma criação site-specific encomendada pelo MGM Macau. Com um comprimento de 35 metros, esta instalação foi “a primeira desta grande escala e a primeira feita com insufláveis”, salienta a artista. Joana Vasconcelos explica, ainda, a importância dessa obra: “Foi exatamente esta encomenda que me proporcionou dar um passo em frente na escala, na dimensão e na técnica”. Adornada por uma multiplicidade de tecidos, lantejoulas, bordados de Nisa, croché, e passamanaria que resultam num sublime jogo de volumes, cores, e texturas, a obra é ainda ornamentada por um conjunto de luzes que lhe confere movimento e vida.

No mesmo edifício do museu, é ainda possível ver a icónica peça War Games (2011) e a inédita Drag Race (2023), duas viaturas convencionais elevadas a obras de arte, e Strangers in the Night (2000), obra pertencente à Coleção de Arte Fundação EDP que dá o mote à exposição.

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Plug-in créditos: Bruno Lopes

Plug-in, com a curadoria de João Pinharanda, nasce da ambição de criar um diálogo entre o património da eletricidade, as artes plásticas e a tecnologia. No entanto, mais do que um diálogo simbiótico que conversa direta e indiretamente com as peças que compõem a exposição, Plug-in é “a ideia de como nós, através da energia e da eletricidade, podemos mostrar como é que o mundo pode ser um lugar mais sustentável”.

A exposição pode ser visitada até ao dia 25 de março do próximo ano e ambiciona restabelecer a ligação com o público da sua cidade, convidando-o a ligar-se à corrente.