De 12 a 17 de outubro, os Jardins e Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, recebem a edição pioneira de um festival internacional de ciência (FIC.A), com um programa totalmente gratuito - dividido entre auditórios, cinema, espaço literário, áreas expositivas ou dedicadas ao desporto e uma zona gastronómica -, que inclui ainda uma programação educativa, preparada para receber 20 mil alunos e contribuir para a sua educação e cultura científica, segundo a organização.
Trata-se de uma “iniciativa diferente”, um “festival inspirado na tradição britânica dos festivais de ciência e que se distingue dos modelos a que estamos habituados pela interatividade”, disse à Lusa Rúben Oliveira, diretor científico da Senciência, empresa que organiza o evento.
É na sua essência um festival, porque não tem apenas um programa científico e tecnológico, mas também um programa cultural e artístico, que o torna numa “verdadeira celebração da ciência, que é o que se pretende”.
Entre as propostas para esses dias, Rúben Oliveira destaca a participação do biólogo norte-americano Thomas Lovejoy, que faz investigação na Amazónia há mais de 50 anos e é considerado o pai da diversidade biológica, “um nome que aprece nos manuais e livros de história sobre ecologia e biodiversidade”.
“Temos Timothy Caulfield [investigador canadiano] que se dedica à ética na saúde e tem trabalhado muito a temática da desinformação na saúde, que se acentuou com a pandemia, e queríamos que este fosse um tema em destaque no festival”, sublinhou.
Em termos de arte, o diretor do festival destaca um concerto de noiserv à noite, com o habitual espetáculo de luz e performance musical associada a “muita tecnologia”.
“Vamos ter circo também, a partir de um projeto europeu que será implementado em Portugal pela MagdaClan, que é uma companhia de circo contemporâneo italiana, em parceria com o Chapitô”, acrescentou.
Quanto a autores, estarão presentes nomes como o jornalista alemão Jürgen Kaube, que não só participará numa sessão com autores, como fará uma palestra sobre a teoria de tudo - como tudo começou, desde a mais ínfima questão à mais abrangente -, ou o autor britânico e editor da revista Nature por mais de vinte anos, Philip Ball, que trará uma “visão sobre padrões em comum entre arte e natureza, como a natureza inspira a arte”.
O FIC.A terá também a participação de vários curadores, “que representam algumas das mentes mais brilhantes no país”, desde Emanuel Gonçalves, que fará uma apresentação sobre oceanos, Elvira Fortunato (Prémio Pessoa e especialista pioneira mundial na eletrónica de papel), que escolheu falar com as escolas e falar da tecnologia que desenvolve, ou Zita Martins, que irá falar de astrobiologia.
Barry Fitzgerald, autor e comunicador irlandês que se dedica a explorar a ciência por detrás dos super-heróis, a autora Amy Stewart e a historiadora de ciência da Universidade de Harvard Naomi Oreskes são outros dos nomes convidados a participar no certame.
Quanto a exposições, também estão segmentadas por público-alvo, estando programada para as crianças, por exemplo, uma mostra sobre dinossauros, que vem do Dino Parque, na Lourinhã.
Outra das exposições chegou via embaixada da Polónia e é sobre o Bestiário de Lem, que liga noções de monstro e de besta a uma parte tecnológica, e recria algumas bestas e monstros com esta visão, explicou o diretor do festival.
Outras propostas expositivas são a “Expedição do mar profundo”, que chega do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, um vídeo ‘mapping’ da artista cubana-americana Agnes Chavez, ou uma mostra mais diversificada que vem do Geoparque Algarvensis, candidato a geoparque do Algarve, que teve uma “iniciativa fantástica de arte, ciência e natureza durante o verão, e vai trazer algumas das peças que produziu”.
A ligação da ciência ao desporto e à gastronomia são outras duas apostas da organização, que se materializam no programa, quer por via da participação da vice-campeã olímpica Patrícia Mamona e das Federações Portuguesas de Futebol e Atletismo, quer da “mixologista” portuguesa Constança Cordeiro.
O festival vai decorrer durante seis dias, entre as 10:00 e as 23:00, mais dirigido a escolas nas primeiras horas e, ao final da tarde, com uma programação para adultos e famílias.
“A experiência pode ser de tudo um pouco: às três estar a ver uma palestra, às quatro ver uma sessão de cinema, às cinco uma exposição, às nove concertos e às dez estar numa livraria, numa sessão com autores. Existem todos estes formatos dentro do FIC.A”, explicou Rúben Oliveira.
A principal preocupação dos programadores foi que o festival “falasse para todos e para cada um”, daí terem segmentado as atividades: o que é para crianças, de que ciclos de ensino, o que é para adultos, o que é para o público sénior, acrescentou o responsável, adiantando que o festival está pensado para receber, além dos alunos, mais 20 mil pessoas, num total que ronde os 40 mil participantes.
A programação do festival está disponível na página www.fica.pt.
Comentários