A exposição reúne 29 trabalhos que abrangem mais de 100 anos de artistas mulheres e não-binários pertencentes à Coleção Ingram (The Ingram Collection) e à Colecção de Arte das Mulheres (The Women's Art Collection).
O ponto de partida é uma obra de arte talismânica de Dora Carrington (1893-1932), "Iris Tree on a Horse”, que retrata uma amiga da artista como um cavaleiro que pretende representar a resiliência e rebelião femininas.
O título da exposição foi retirado de uma carta escrita por Carrington, explicando a razão pela qual optou por não se casar nessa altura porque, na sua opinião, diminuiria "um espírito interior” ("a spirit inside").
Esta decisão terá permitido que pudesse viver sem estar presa a convenções e compromissos.
As obras de arte selecionadas terão nascido, segundo a apresentação da exposição, "de uma força de espírito e tocam o elementar, o fantástico, o espiritual e o político”.
A obra “Inês De Castro”, data de 2013, foi produzida para marcar a entrada como membro honorário do colégio Murray Edwards College da University of Cambridge.
No quadro é possível ver um homem, o rei de Portugal Pedro I, a beijar a mão de um esqueleto vestido de forma extensiva enquanto segura uma coroa sobre a cabeça de Inês de Castro.
De acordo com a lenda, Inês de Castro, que foi amante do infante Pedro, teve dele vários filhos mas foi mais tarde executada por ordem pelo rei Afonso IV.
Logo que se tornou Rei, em 1357, Pedro I terá ordenado a exumação do cadáver de Inês, coroando-a Rainha.
A exposição “A Spirit Inside" vai continuar na galeria Compton Verney, cerca de 160 quilómetros a noroeste de Londres, até 01 de setembro.
Além de Paula Rego, fazem parte da mostra trabalhos de Leonora Carrington, Lubaina Himid, Winifred Nicholson, Bridget Riley, Miriam Schapiro, Man Fung Yi e Permindar Kaur, entre outras.
Com exposição, é a primeira vez que a Coleção de Arte Feminina, a maior coleção de arte feminina da Europa, colabora com galerias de arte fora de Cambridge.
A Coleção Ingram é considerada uma das melhores coleções de arte britânica moderna e contemporânea do Reino Unido.
Nascida em Lisboa, Paula Rego (1935-2022) começou a desenhar ainda em criança e, com 17 anos, a conselho do pai, foi estudar para a Slade School of Fine Arts, em Londres, cidade onde viria a fixar residência.
Distinguiu-se pela singularidade da obra, inspirada na literatura e nas experiências pessoais, e marcada, ao longo das décadas, pela defesa dos direitos das mulheres, nomeadamente na série dedicada ao aborto e em outras sobre opressão e repressão feminina.
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