Rui Sinel de Cordes. O nome deve dizer-lhe tudo, mas caso não diga nada à primeira, fica aqui uma pista: José Carlos Malato disse que "é mesmo daqueles de se passar com um carro por cima". Não é para todos.

O humorista conversou com o SAPO On The Hop sobre "Isto era para ser com o Sasseti",  que chega ao palco do Villaret, em Lisboa, nesta sexta-feira (13 de fevereiro). "Piadas, música e mau gosto" são os ingredientes do espetáculo que já está esgotado. Mas para os azarados que não conseguiram bilhete, ainda há esperança: dia 7 de março, Rui Sinel de Cordes volta ao Villaret e dia 14 de março sobe ao palco do Teatro Sá da Bandeira (Porto).

Porque é que era para ser com o Sasseti?

Essa é uma pergunta que só respondo a quem quer realmente saber. E quem quer realmente saber, vem ver esse espectáculo ao vivo, que começa precisamente com a resposta a essa pergunta.

Como é que preparas/constróis, um espetáculo de stand-up?

Vai sendo preparado ao longo de um ano, através de coisas que vou observando, piadas e pensamentos que vou apontando e sobretudo no meu caso, as vivências que vou tendo e que mudam a minha forma de pensar ou comportar. O meu stand-up é muito verdadeiro e pessoal, por isso pode mudar de estilo e tema, conforme o meu estado de espírito.

Imagina que o teu espetáculo é como um filme... o que escreverias na sinopse?

A pergunta é boa e muito inteligente. Mas ao mesmo tempo, é das perguntas mais chatas a que já tive de responder. E como eu estou habituado a fazer apenas o que quero, ficamos assim.

"Stand-up comedy é a coisa que mais gosto de fazer"

O primeiro espetáculo já está esgotado. Achas que as pessoas que compraram o bilhete são todas Charlie?

Se já me viram antes ou conhecerem o meu trabalho, são Charlie de certeza. Ainda há muita gente inteligente que sabe que isto são só piadas e a ideia é tirarmos uma hora e tal das nossas vidas para nos rirmos, sem tretas. E depois voltamos ao nosso quotidiano. Os que não pensam assim, felizmente não costumam aparecer.
A sessão de 13 já está esgotada e a de 7 de março para lá caminha. Bem como a data de 14 de março, no Porto, pela qual estou muito ansioso.

Fazer stand-up, estar em cima de um palco, é aquilo que mais gostas de fazer?

Profissionalmente e pessoalmente. Stand-up comedy é a coisa que mais gosto de fazer.

Já fizeste inúmeros espetáculos. Já aconteceu alguma situação caricata? Já alguém se "zangou" com uma piada ao vivo- ou é só nas redes sociais?

Não é só nas redes sociais, o que se passa é que ao vivo as pessoas não se manifestam da mesma forma. Nunca vivi nenhuma situação desagradável em palco, mas vi por diversas vezes pessoas saírem da sala. É perfeitamente normal.

Em Março vais atuar no Porto. Geralmente dizem que o público do norte é melhor. Concordas?

Genuinamente não sei responder a essa pergunta. Senti que sim durante muito tempo, e é sabido que o público do Porto tende a ser mais caloroso. Com o passar do tempo, o público do Norte mantém-se assim comigo, mas diria que o público de Lisboa melhorou e tem-me sido maravilhoso. Eu não posso pedir mais aos públicos que tenho tido nos últimos espectáculos no Villaret, têm sido noites incríveis.
Agora, é sabido por todos – e “eles” sabem melhor que ninguém – que atuar no Porto é muito especial para mim e anseio por esses espetáculos como por mais nenhuns. Eu sou lisboeta, mas desde criança que o Porto sempre foi o segundo sítio onde mais estava. Tenho família e grandes amigos no Porto e adoro aquela cidade. E quando ando pela rua e as pessoas me dizem, “tu és de cá, tu és dos nossos”, o que mais posso pedir? Bom, talvez isto: uma noite memorável no Sá da Bandeira.

Também vais dar alguns workshops. É mais difícil ensinar a fazer stand-up ou fazer stand-up?

É muito mais difícil fazer, até porque é algo que é impossível de ensinar. Ser um bom stand-up comedian exige qualidades e características que têm de nascer connosco. O que faço nos meus workshops é transmitir técnicas, truques, lógicas e ferramentas que são universais à arte, misturadas com pensamentos e princípios que já são mais pessoais. Isto tudo irá permitir que seja mais fácil fazer humor. Os workshops têm corrido muito bem e orgulho-me muito de muita gente que por lá passou e está a construir um início de carreira de sucesso. Ainda há algumas vagas para o de Lisboa, em março e, lancei esta semana um workshop intensivo no Porto, nos dias 14 e 15 de março.

E se puderes dar uma dica à borla... qual o primeiro passo para quem quiser entrar no mundo do stand-up?

Ver, ver e ver os outros. Os clássicos, os antigos, os atuais e os novos. Estrangeiros e portugueses. Ir ver ao vivo, ler e estudar a história e as estórias. E depois, escrever, muito. Testar na net, repetir cem vezes em voz alta e perceber se faz sentido, se é confortável. E depois ir para palco. Fazer quantas vezes possíveis, para públicos diferentes e em locais diferentes, desde que sempre com dignidade. Até encontrar uma “voz”. Todos os humoristas têm uma “voz” e é das coisas mais difíceis de descobrir.

Para terminar, tudo bem contigo? Tomaste a vacina da gripe?

Não me voltes a procurar.

(Ok... logo agora que estava a pensar ir ao workshop no Porto.)