Grandes nomes da música como Rihanna, P!nk ou Cardi B negaram suceder Madonna, Michael Jackson ou Rolling Stones no espetáculo do intervalo do Super Bowl, que pretende entreter mais de 100 milhões de telespectadores que aguardam a final do campeonato de futebol americano entre o New England Patriots e o Los Angeles Rams.
A NFL, a liga de futebol americano, luta para acabar com o debate iniciado por Colin Kaepernick desde que o ex-quarterback do San Francisco 49ers se ajoelhou durante o hino dos EUA antes de uma partida em protesto contra a brutalidade policial sofrida por negros no país.
Desde que a NFL escolheu como artista principal da atuação do intervalo a banda Maroon 5, um grupo de rock californiano composto maioritariamente por brancos e cujas músicas são apolíticas, surgiram na internet pedidos de boicote ao Super Bowl.
Uma petição no site exchange.org que pede ao Maroon 5 que se retire do compromisso em solidariedade a Kaepernick - que nunca mais conseguiu jogar na liga e está atualmente a processar a NFL por perseguição - reuniu mais de 110 mil assinaturas.
Para Vic Oyedeji, que iniciou a petição, o boicote é a única forma de fazer a NFL avançar nestes temas que dividem os americanos.
"Os proprietários das equipas da NFL só atentam aos resultados financeiros, sejamos honestos", disse à AFP.
Dois rappers negros, Travis Scott e Big Boi, vão atuar no espetáculo do intervalo ao lado dos Maroon 5, uma tentativa da NFL de acalmar os ânimos e diminuir a polémica. Sobretudo porque a final será disputada este ano em Atlanta, uma cidade composta maioritariamente por uma população negra e que é o berço do hip-hop.
A NFL também recrutou cantora soul Gladys Knight para cantar o hino americano antes do início da partida.
O rapper Jay-Z, grande apoiador de Kaepernick, já havia recusado o convite para atuar no Super Bowl em 2017.
O artista tentou, segundo a imprensa norte-americana, convencer Travis Scott a fazer o mesmo e a não se associar à NFL.
Impacto limitado
Procurada pela AFP, a NFL não comentou o tema, mas, segundo a revista especializada Billboard, Scott aceitou atuar no espetáculo do intervalo do Super Bowl em troca de uma doação de 500 mil dólares da Liga a uma organização que trabalha pela justiça social.
Os Maroon 5 fizeram um acordo similar com a NFL para doar um valor equivalente a uma organização que ajuda crianças necessitadas.
"É assim que as grande figuras tratam os problemas raciais, colocando maços de dinheiro em cima da mesa", lamentou Oyedeji.
O ativista também criticou a participação de Big Boi, membro dos Outkast, uma famosa dupla de rappers de Atlanta.
David Allan, especialista musical da Universidade Saint Joseph, da Filadélfia, estimou que o Super Bowl não deve sofrer com essas ameaças de boicote. "É difícil boicotar o Super Bowl, o evento é demasiado grande", explicou.
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