Alexandre Monteiro começou a preparar “All Cosmologies”, o seu quinto álbum, ainda antes de saber que estava a criá-lo.
“Há um grande ponto de partida para este processo todo: a canção ‘Valentina’. Fiz essa música sem saber que iria dar origem a um disco e a um filme, foi a partir daí que tive essa ideia. Comecei a escrever um argumento, durante algum tempo, e depois fui construindo as canções um pouco de forma a contar essa história”, recordou o músico em entrevista à agência Lusa.
Segundo The Weatherman, “All Cosmologies” é “uma espécie de ópera pop, porque de certa forma é um disco cujo alinhamento das canções conta uma história”. “Pode dizer-se que é uma ópera pop no sentido em que é um disco conceptual, em que as canções do próprio disco contam uma narrativa”, disse.
Nesta história, Valentina, título de um dos temas do álbum, é a personagem principal. A narrativa “passa-se no futuro, em 2048”, e foca-se na forma como “as gerações futuras vão olhar para o tempo atual, isto de uma forma muito metafórica”.
“Valentina é alguém do futuro que vai interessar-se pelo nosso tempo, fazer uma ‘investigação’ e chegar a várias conclusões sobre o que se passou neste nosso tempo”, explicou The Weatherman.
Entre os vários assuntos abordados, nos 13 temas que compõem “All Cosmologies”, está “o fenómeno da gentrificação, nas várias perspetivas”, em “Gentrification Rhapsody”. No entanto, The Weatherman aponta “Comedy of Errors” como a canção do álbum “mais ‘crítica’” em relação aos dias de hoje.
“Mas claro que tudo isto não surge abordado no filme de uma forma demasiado explícita. Ou seja, há espaço para que os espectadores possam interpretar um pouco à sua maneira, também. Deixa ficar um pouco em aberto esse tipo de questões”, considerou.
A pandemia da covid-19 acabou por adiar a edição do álbum, prevista para 2020. Mas, entretanto The Weatherman sentiu “que já era tempo de lançar este disco”.
“Já estava há algum tempo pronto e o contexto da pandemia que estamos a viver é tão incerto que nem sequer nos dá margem para podermos ter as certezas de que se lançarmos daqui a x tempo vai ser melhor ou pior, por isso decidi que seria agora”, partilhou.
Foi na curta-metragem - com realização de Vasco Mendes e Carolina Amaral no papel de Valentina - que, “se calhar, acabou por se notar mais a influência da pandemia, porque já foi gravada grande parte em cima da pandemia”.
“Tínhamos uma cena que era um ensaio de banda, normal, com pessoas dentro de uma sala, que por força disso teve que ser transporta para ‘online’. No filme aparece um ensaio ‘online’ e isso acaba por ser uma influência da pandemia”, contou o músico.
Com as salas de espetáculos fechadas desde 15 de janeiro, The Weatherman está “a fazer os possíveis” para que seja possível apresentar “All Cosmologies” ao vivo. E músico acredita que “pelo menos em junho vai ser possível: se a pandemia não voltar a fazer das suas vamos apresentar o disco nessa data”.
Para a curta-metragem, que “já está pronta, ainda não há data para o lançamento, mas será divulgada em breve”.
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