O rapper português Virtus está a preparar um álbum “mais íntimo” para suceder a “Universos”, de 2012, enquanto concilia a carreira a solo com o trabalho com outros artistas, nomeadamente Capicua, e como produtor musical numa rádio.
Johnny Virtus (João Rodrigues), do Porto, é um dos portugueses em destaque hoje no festival Super Bock Super Rock (SBSR), que decorre no Parque das Nações, em Lisboa.
Horas antes do espetáculo, que decorreu no palco dedicado à música portuguesa, Virtus adiantava à Lusa que seria um concerto “sem músicas novas”.
“Em Lisboa é a minha segunda vez a solo, não vinha cá há seis anos”, lembrou, partilhando que “o que vem de novo é uma reciclagem das coisas”.
No início deste ano revelou um novo tema, “Sono Profundo”, “por necessidade pessoal, fechar um ciclo de coisas e começar um novo”. A música poderá, ou não, entrar o álbum, do qual não quer revelar muito, mas levanta a ponta do véu: “é um bocado mais íntimo”.
“O ‘Universos’, como é o primeiro, é uma compilação de faixas ao longo da vida e chama-se assim porque é uma União de Versos e Universos de Coisas. E todas essas músicas juntas, que advêm de uma série de necessidades ao longo da vida, acabam por fazer uma história, de dentro para fora, coisas que vejo”, disse.
Com o álbum que aí vem, ainda sem data de edição prevista, “é diferente”.
“As coisas [vão] de fora para dentro, para o meu íntimo. Se calhar é um álbum mais meu, mais eu. Não sei ainda que sonoridade vai ter. Não quer dizer que seja muito ‘deep’ ou mega profundo, mas vai ser mais singular”, partilhou.
Entre o primeiro álbum e o anúncio do segundo passaram-se seis anos, mas não se pense que neste tempo Virtus esteve parado. Além da carreira a solo, trabalha com outros músicos – Capicua é a “artista principal – e é “produtor musical de uma rádio no Porto”.
“Não é fácil conciliar as coisas e também por isso atrasei tanto o meu segundo álbum, tenho bastantes concertos com a Ana [Capicua], e ainda bem. O que eu faço com ela para mim também é um investimento, é uma área de que também gosto bastante, produção musical, e reforça a minha atividade na música”, disse.
Voltando um pouco atrás, Virtus recordou que teve o primeiro contacto com o ‘rap’ aos nove/dez anos, através da irmã, numa altura em que já escrevia rimas, “embora não em formato rap”, por causa do pai, “que também escrevia”.
Em 2002 escreveu as primeiras “poesias urbanas, com métrica de rap”, três anos depois começou como produtor e em 2008 lançou o primeiro EP. o álbum de estreia veio quatro anos depois.
Tudo isto no Porto, cidade onde nasceu e ainda hoje vive e de onde ainda é “bastante difícil” ser-se músico.
“Toda a gente sabe que em Lisboa centraliza-se tudo. Para um gajo do Porto é muito difícil estar no Porto a fazer música e a viver disso sem passar por Lisboa. Mesmo que consigas fazer música no Porto, a tua assessoria tem que estar aqui. Aqui é onde despoleta toda a informação acerca do teu trabalho”, afirmou, embora sublinhe que “com a Internet já há casos de gente que não é de Lisboa e consegue fugir um bocado a esse circuito”.
Este discurso não é feito em tom de “‘ai coitadinhos de nós’”. “É a realidade e é uma pena, porque há imenso talento no Porto, há imensa Cultura no Porto e diversidade cultural. Concentra-se tudo aqui, mas estamos a tentar mudar para que as coisas mudem um bocado”, afirmou.
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