Depois da sua primeira aventura, "A Maldição de Capistrano", que foi lançada num "pulp" californiano, McCulley escreveu outras 60 histórias, fazendo de Zorro um dos primeiros heróis de capa e espada da literatura norte-americana.
Foi nos ecrãs, contudo, nos grandes e nos pequenos, que o justiceiro mascarado ganhou notoriedade.
Para criar a personagem, McCulley inspirou-se num mexicano a meio caminho do assaltante e do patriota, que vivia na Califórnia do século XIX, em pleno período da febre do ouro: Joaquín Murieta, que defendia os ameríndios dos "gringos".
O poeta chileno Pablo Neruda dedicou a sua única obra de teatro ao herói.
Outra figura que inspirou McCulley foi "Pimpinela Escarlate", um justiceiro inglês que atuou durante a Revolução Francesa e foi criado no início do século XX pela escritora Emmuska Orczy, uma britânica de origem húngara.
A origem
Don Diego de la Vega, um jovem aristocrata de origem espanhola e com a aparência de um estudante inofensivo, sentia-se revoltado com os poderosos corruptos e cruéis que abusavam do povo humilde de Los Angeles e arredores.
Para defender os fracos e oprimidos, resolve transformar-se no Zorro (raposa, em espanhol) e veste-se totalmente de preto, escondendo a sua identidade por trás de uma máscara que mostra apenas os seus olhos e seu fino bigode.
O vigilante conta com o fiel Bernardo, o seu mordomo que é mudo e finge ser surdo para melhorar a condição de escudeiro do patrão, e também com Tornado, o seu inteligente cavalo negro.
Outra personagem recorrente é o robusto sargento Demetrio López García, um pretenso inimigo que é mais simpático do que perigoso.
Um série mítica
Foi a série de televisão da Disney (composta por 78 episódios gravados entre 1957 e 1961) que fez a personagem ganhar popularidade a nível internacional.
O ator Guy Williams (na foto acima), com 1,90m de altura, sorriso cativante e esgrimista na vida real, foi o escolhido para encarnar o justiceiro hispânico na série. Era ele próprio, e não um duplo, que fazia os duelos de espada, mesmo quando estas eram reais.
"O dia das lutas era sexta-feira. Assim, caso houvesse algum problema, eu teria algum tempo para me recuperar dos ferimentos", contou o ator numa entrevista da época.
A assinatura de três traços com a espada para formar a letra "Z", de Zorro, era a marca registada da série.
Recentemente, novas produções protagonizadas por Zorro foram filmadas na Colômbia e nas Filipinas e vendidas para quase 100 países.
Estrela de cinema e não só
No cinema, houve mais de 50 Zorros, incluindo paródias e versões eróticas.
As mais conhecidas foram interpretadas pelos galãs Douglas Fairbanks (1920), Tyrone Power (1940), Alain Delon (1975) e Antonio Banderas (dois filmes, 1998 e 2005).
O criador de Batman, Bon Kane, assegurou que o filme mudo "The Sign of Zorro" (1960), com Fairbanks, o influenciou muito na altura de criar o seu super-herói. Tornado serviu, aliás, de inspiração para o Batmóvel.
Atualmente, há um projeto em preparação em Hollywood com o ator mexicano Gael García Bernal.
A banda desenhada, a música e os videojogos também exploraram ao máximo a imagem de Zorro.
"Tem traços de Robin dos Bosques e, em parte, Peter Pan e Che Guevara", afirmou a escritora chilena Isabel Allende numa entrevista em 2005, por ocasião da publicação do seu romance "Zorro".
"Não só pune, como Super-Homem, os ataques à propriedade privada, como também intervém quando a dignidade ou a liberdade humana são ultrajadas. O Zorro remete à consciência cívica que tanto faz falta atualmente", afirmou o escritor francês Yann Moix, em 2010.
Comentários