Do que é que gostou mais nesta novela?
De todo o elenco, de toda a equipa técnica, da produção e de todo o espírito de equipa que se sente muito na SP Televisão. Este já é o terceiro projeto que faço para SIC/SP e tal espírito é uma constante, sabemos sempre que estamos lá uns para os outros.
E o que teve de menos bom?
De menos bom - que acabou por ser bom porque me obrigou a crescer - foi toda a montanha russa que foi a minha personagem, a Ana, em termos mentais e emocionais. Tão depressa era forte como a seguir se automutilava, tinha crises de choro e desespero. Espetou o carro contra um muro com o filho lá dentro e acabou por ficar paraplégica. Ao nível da construção emocional foi muito duro. Mas gostei imenso.
E levava esta personagem para casa?
Não. A única coisa que levava para casa era o cansaço e, às vezes, ao fim do dia, uma dor de cabeça tremenda.
Mas acabou por ser um papel desafiante que lhe deu gozo fazer?
Sem dúvida. Como puxa tanto por nós, ficamos na expetativa de saber se o público vai perceber a complexidade desta mulher. Depois de sentir o carinho do público, o modo como as pessoas interagem, as mensagens que me deixam no Facebook, é muito gratificante.
Foi complicado fazer toda parte em que está de cadeiras de rodas?
Muito complicado, sobretudo no início. Além da logística inerente às gravações, como o posicionamento do ator em relação à luz, as câmaras, a contracena, os textos, etc., tinha que ter sempre presente que da cintura para baixo não podia haver qualquer movimento. No início foi desafiante. Mas depois, como estive a gravar cerca de seis meses numa cadeira de rodas, já acabava por fazer tudo naturalmente.
A Ana vai acabar por recuperar e sair da cadeira de rodas?
Não sei, vão ter de esperar pelo fim (risos). Mas eu gostava que não recuperasse, porque a vida é mesmo assim. Acho que o papel da maioria das novelas é ser o mais fidedigno possível ao que se passa na realidade. E o que os autores pretenderam, e eu também, foi passar a mensagem de que as pessoas com limitações físicas podem ser tão ou mais felizes que as pessoas sem essas limitações.
A Ana terá sido a personagem mais exigente da sua carreira?
Foi, sem dúvida. Devido, sobretudo, a toda a inconstância emocional da personagem. A limitação física também exigiu muito trabalho. As cenas do “kayak” adaptado, por exemplo, as pessoas só veem minutos mas são dias inteiros de trabalho a remar, a ver o equilíbrio e coisas do género. Foi um trabalho muito complexo a nível físico.
Contou com a ajuda de profissionais da área?
Sim, de atletas profissionais de “kayak”. Foi uma experiência de que gostei muito e só tenho pena de não ter tido mais preparação para poder ser ainda mais credível.
Agora vai de férias ou vai preparar-se já para uma nova personagem?
Agora é tempo de despir a Ana, relaxar um bocadinho, fazer umas coisas que ficaram em “stand-by” e aguardar novos projetos, que não serão para já.
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