A obra, intitulada “João d’Ávila do Teatro à Poesia”, é editada pela Fonte da Palavra, tem 188 páginas e várias fotografias, algumas inéditas, e será apresentada pelo ator Marcantónio del Carmo, no sábado às 16:00, na livraria do TNDM.

Luciano Reis que é autor de outras biografias de artistas e da Grande Enciclopédia do Espetáculo, entre outras obras, afirmou que este livro surgiu pois “havia uma vontade do ator em registar algumas memórias”.

Além do testemunho do biografado, a obra conta com “um estudo exaustivo do núcleo documental do biografado, sendo este núcleo constituído por diferente tipo de material, desde o iconográfico à imprensa, ou até áudio”.

O percurso de João d’Ávila, 79 anos, iniciou-se na década de 1950, e passa pelo teatro, o cinema, a televisão e também pela dança.

“Ele iniciou-se na dança, estudou ballet com Ruth Asvin antes de se inscrever no Conservatório e como bolseiro da Fundação Gulbenkian estudou na Royal Dance School, em Londres”, afirmou Luciano Reis.

Ávila regressou como bolseiro à capital inglesa, mas para estudar na London School of Dramatic Art, tendo ingressado seguidamente no London Theatre Group, sob a direção artística e encenação de Stephan Berkoff.

“Nesta companhia inglesa, onde esteve de 1964 a 1974, percorreu o mundo, e teve contacto direto com o Kathakali, o teatro clássico indiano”, disse Luciano Reis.

A influência desta técnica teatral “é notória na performance do ator, nomeadamente no aspeto respiratório, na forma como bebe as emoções, com uma postura totalmente diferente, e é mais evidente na sua de pintura”, uma outra faceta do ator, que Luciano Reis revelou.

João d’Ávila regressou a Portugal em 1974, tendo levado à cena em Lisboa, projetos próprios, nomeadamente “Um Auto para Jerusalém”, de Mário Cesariny, e tem trabalhado nas companhias A Comuna e A Barraca, na televisão, recentemente, encarnou o Marquês de Pombal na série "Os Távoras" e como inspetor policial em "Alves dos Reis".

Luciano Reis realçou o papel de João d’Ávila na divulgação da poesia, nomeadamente de Fernando Pessoa.

“É dos atores vivos quem mais tem feito recitais de poesia portuguesa, não só em Portugal, como no estrangeiro, nomeadamente no circuito universitário”, salientou Reis.

“João d’Ávila do Teatro à Poesia” tem prefácio da escritora Lídia Jorge, divide-se em vários capítulos, “acompanhando-o desde o seio familiar ao início da carreira, e o percurso artístico até atualidade”.

No prelo o investigador Luciano Reis tem a biografia do empresário do espetáculo Carlos Jorge Espanhol, ligado há 25 anos às marchas populares de Lisboa, e a do músico e compositor Luís Pedro Fonseca, que fez parte, entre outros, dos grupos Plexus e Chinchilas.

@Lusa