O serviço de streaming Apple TV+ foi lançado em mais de 100 países a 4,99 dólares por mês ( o mesmo valor em euros em Portugal) esta sexta-feira.
A Apple está a investir intensamente em novos conteúdos e promete uma "poderosa e inspiradora linha de programas, filmes e documentários originais", além de alguns títulos já conhecidos.
A chegada da Apple TV+ "marca um novo capítulo crucial" para o titã californiano de Cupertino, afirmou Dan Ives, analista da Wedbush.
"Acreditamos que o objetivo da Apple neste empreendimento de streaming é ser uma grande plataforma de distribuição de conteúdo", acrescentou Ives em nota aos investidores.
De acordo com Ives, a Apple está a tentar atrair espectadores a partir de uma enorme base de clientes em todo o mundo, com aproximadamente 1,4 mil milhões de utilizadores ativos em dispositivos iOS.
A marca, que define tendências, estabeleceu o padrão de smartphone com o seu iPhone há mais de uma década, mas está a movimentar-se para diversificar serviços e conteúdo digital à medida que as vendas do iPhone diminuem.
A primeira Apple TV para transmissão de programas da internet para os seus dispositivos ou aparelhos de televisão foi lançada há 12 anos, com a empresa subestimando o produto como se fosse "um hobby".
O novo serviço de streaming concorre com empresas como Netflix e Amazon, entre outras, e chega no momento em que rivais como a Walt Disney Co. e a Warner Media da AT&T lançam os seus próprios serviços de streaming.
Até agora, os programas originais da Apple TV+ foram recebidos com críticas moderadas, mas é esperado que o baixo preço da assinatura e a oferta de associações gratuitas durante o ano com compras de dispositivos da empresa, façam com que os espectadores experimentem o serviço.
“A expectativa é de que a Apple se dê bem inicialmente, principalmente devido à sua oferta gratuita”, afirmou Brahm Eiley, analista da Convergence Research.
“No entanto, dada a quantidade de capital que a Amazon, Disney / Hulu, Netflix, Warnec etc. gastaram, gastam e estão dispostas a gastar em programação, pode a Apple ter sucesso como um provedor de longo prazo (de streaming)?”, questiona.
Investimento milionário
A Apple dedicou cerca de seis mil milhões de dólares para transmitir conteúdo televisivo, segundo analistas.
A gigante de tecnologia de Silicon Valley conta com 200 mil milhões de dólares que pode aproveitar.
Enquanto isso, a Netflix orçou gastou 15 mil milhões de dólares este ano em programas originais, além dos milhões que dedicou a produções exclusivas nos últimos anos.
A Amazon, que tem uma grande renda graças à venda de produtos eletrónicos e serviços na cloud, também investiu intensamente em programas originais para o serviço Prime Video.
Isso cria uma potencial guerra de gastos entre os principais players de streaming, de acordo com analistas.
"A Apple dobrará e triplicará os gastos anuais nos próximos cinco a 10 anos para um fluxo significativo de catálogos e programas?", perguntou Eiley.
Disney em ação
A Apple TV + foi lançada antes do serviço de streaming online da Disney, o Disney+, cujo lançamento está previsto para 12 de novembro nos EUA, Canadá e Holanda, antes de ser lançado mundialmente.
O CEO da Disney, Bob Iger, disse aos investidores que "nada é mais importante para nós" do que a plataforma.
Além de oferecer o enorme catálogo da Disney no seu primeiro ano, incluindo todos os filmes de animação e filmes da Pixar, o serviço apresentará também uma infinidade de programas recém-encomendados, exibindo sagas famosas como "Star Wars". Custará 6,99 dólares por mês nos EUA.
"É um momento crucial para Cupertino, pois lançou recentemente o seu trio de novos smartphones com o iPhone 11 e agora parece converter milhões de usuários de dispositivos da Apple em sua plataforma de streaming", afirmou o analista Ives.
Ainda mais concorrência surge no horizonte, com a previsão da Warner Media da AT&T de lançar a sua HBO Max no início de 2020, após recuperar os direitos da Netflix de transmitir a sua celebrada série de comédia "Friends".
O serviço Peacock da NBCUniversal também será lançado no próximo ano.
O diretor-executivo da Netflix, Reed Hastings, disse que não se incomoda com os novos rivais.
"A Disney será uma grande concorrente", contou aos analistas. "A Apple está apenas a começar, mas provavelmente também haverá ótimos programas".
Comentários