De acordo com o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores do Espetáculo, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), Hugo Barros, nos primeiros três dias da paralisação (terça, quarta e quinta-feira), “praticamente todas” as equipas de gravações da empresa de criação de conteúdos televisivos Plural Entertainment estiveram “paradas por causa da greve, na hora da greve”.
O sindicalista referiu que, na terça e na quarta-feira, “cinco das quatro equipas pararam” e que, na quinta-feira, “só não pararam as cinco porque houve substituição de um trabalhador em greve, algo que é ilegal”. A “greve diária à oitava hora de trabalho” realiza-se também hoje e na segunda-feira.
Os trabalhadores têm estado reunidos à porta da empresa em piquete de greve. No local, segundo Hugo Barros, estiveram presentes na quinta-feira representantes do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, e um representante do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT).
Esta greve é, segundo o CENA-STE, “consequência direta e inevitável do incumprimento do acordo firmado pela Plural Entertainment, empresa detida pela Media Capital, com o CENA-STE em 2019, por parte do primeiro”.
Na quarta-feira, a administração da empresa garantiu à Lusa que, “não só” cumpre o acordo “como entende ser premente encontrar uma solução organizativa satisfatória para todas as equipas, o que aliás tem vindo a fazer de forma continuada ao longo dos últimos anos, ouvindo e esclarecendo os seus colaboradores”.
Num comunicado divulgado na terça-feira, o CENA-STE referia que, apesar de o sindicato, “até ao final da manhã de dia 06 de janeiro de 2020, aspirar por um acordo satisfatório a ambas as partes, a administração do grupo mostrou-se indisponível para considerar as propostas emanadas do plenário de trabalhadores, mantendo-se irredutível na desvinculação dos termos por ela própria subscritos e firmados em 2019”.
À Lusa, a Plural garantiu que “a administração e direção apresentaram uma proposta de reorganização interna para os tempos de trabalho, que foi rejeitada pelo sindicato”.
“Nesse sentido, não é verdadeiro que a administração se tenha mantido irredutível na desvinculação dos termos por ela própria subscritos e firmados em 2019, como se lê no comunicado divulgado pelo CENA-STE para a comunicação social”, referiu a empresa.
Além disso, considera a Plural que a proposta apresentada vai “ao encontro da vontade de todos”, é “uma efetiva melhoria nas condições dos colaboradores” e está “em conformidade com o acordo”.
Em março do ano passado, foi formalizado e assinado um acordo entre a administração da Plural Entertainment e o CENA-STE “para a melhoria das condições de trabalho e salariais”, ainda em 2019, dos trabalhadores daquela empresa de criação de conteúdos televisivos.
O acordo entre os trabalhadores e a administração da empresa tinha sido alcançado no final de 2018, depois de, segundo o CENA-STE na altura, a empresa “ter aproximado a sua proposta às reivindicações” laborais.
O acordo, anunciou na altura o sindicato, prevê “a redução gradual do horário máximo de trabalho, devolvendo quase 500 horas por ano aos trabalhadores”, bem como “aumentos salariais escalonados beneficiando os trabalhadores com salários mais baixos”.
Além disso, estava previsto também que em 2019 as negociações continuariam “para que em 2020 e anos seguintes se continuem a recuperar direitos dos trabalhadores e se otimize a necessária reorganização da empresa com o objetivo de atingir as oito horas de trabalho diário”.
No acordo ficou também firmada a “garantia de que os trabalhadores 'freelancers' não serão prejudicados pela sua intervenção sindical”.
Os trabalhadores da Plural realizaram entre 03 e 10 de dezembro de 2018 uma greve parcial, em reivindicação por melhores condições de trabalho.
Uma das reivindicações dos trabalhadores era “a redução do Período Normal de Trabalho”, que atingia as 11 horas de trabalho, “durante a maioria dos dias da semana, do mês e do ano”.
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