No papel de Timothy McGee há 16 anos, Murray falou num dia de pausa das gravações no estúdio em Valencia, perto de Los Angeles, onde está montado o cenário da sede do NCIS que é vista na série da CBS.
"Nesta nova era do Netflix e Hulu, é interessante que uma série de um canal tradicional continue a ter estes números", afirmou o ator, referindo-se à audiência. "Somos uma espécie de dinossauro".
"Investigação Criminal" é a segunda série mais antiga a correr na televisão norte-americana, depois de "Lei & Ordem: Unidade Especial", e a mais vista do mundo, o que lhe garantiu o prémio de audiência, do Festival de Televisão de Monte Carlo. A 17.ª temporada estreia-se nos Estados Unidos a 24 de setembro e regressa em novembro ao AXN Portugal.
A personagem de Timothy McGee começou por ser apelidado de "probie" (novato) pelo veterano Tony DiNozzo (Michael Weatherly), agindo como um profissional inseguro "que mal conseguia dizer uma frase com sentido", recordou Murray.
Com uma grande evolução ao longo de todas as temporadas, McGee tornou-se numa das personagens mais acarinhadas pelo público, tendo sobrevivido às saídas mediáticas de outros protagonistas da série, como DiNozzo e Ziva David (Cote de Pablo), que, no final da temporada 16, regressou inesperadamente.
"Nos últimos dois anos fizemos muitas cenas relacionadas com a vida doméstica do McGee, quando os gémeos nasceram, e gostei muito disso porque é diferente do que fizemos antes", explicou Murray. "Raramente víamos as personagens nas suas casas".
O alargamento do arco narrativo de "Investigação Criminal" permitiu-lhe manter-se no topo das séries televisivas mais vistas do mundo, com reposição constante de temporadas anteriores, conquistando o International Television Audience Award, em 2017, no Festival de Televisão de Monte Carlo.
"Conseguimos renovar-nos. Todos os anos as personagens progridem e há novas linhas narrativas, não nos tornámos preguiçosos", justificou Sean Murray. No total, a série já produziu mais de 400 episódios.
"Uma coisa que fizemos na temporada 16, mais do que em temporadas anteriores, foi mergulhar nas histórias das personagens, para lá dos casos e das estrelas convidadas", acrescentou.
Mark Harmon, que continua a capitanear o elenco na pele do agente especial Leroy Jethro Gibbs, é o ator que "estabelece o padrão" e um dos responsáveis pela continuação da série, disse Murray, referindo que ele tem "muitas responsabilidades" que não estão escritas no papel.
"É um tipo sem manias", caracterizou o ator. "Não se considera mais especial que qualquer um de nós, vê-nos como um conjunto. Sem ele, não haveria hipótese de estarmos aqui".
A próxima temporada, que vai chegar ao AXN em Portugal em novembro, é aguardada com expectativa pelos fãs devido ao regresso de Ziva David, que entrou na 3.ª temporada em 2005, e desapareceu na 11.ª em 2013, sem uma conclusão definitiva da sua história.
"Investigação Criminal" está a atualizar o seu tom, revela Wilmer Valderrama
Depois de uma temporada em que o elenco mergulhou em "águas nostálgicas", "Investigação Criminal" está de volta em setembro com um tom atualizado, disse à Lusa Wilmer Valderrama, que interpreta Nick Torres no drama da CBS.
"A série está a atualizar o seu tom", considerou Valderrama, que ficou conhecido pelo papel de Fez em "That '70s Show" e entrou em "Investigação Criminal" na 14.ª temporada, após a saída de Michael Weatherly, o famoso Tony DiNozzo.
"Agora as coisas estão mais intensas, a ação é mais explosiva. Pomos mais polpa neste sumo", explicou o ator, referindo que os 'flashbacks' da última temporada agradaram aos fãs que estão com a série desde o início.
Wilmer Valderrama comentou que o sucesso se deve ao foco nas pessoas, não apenas nos casos da semana. "Criamos personagens com que as pessoas se identificam e com quem querem conviver um dia por semana", afirmou, referindo que outras séries como esta não desenvolveram tão bem as personagens.
"As [séries] processuais muitas vezes são sobre o caso da semana e uma mistela científica sobre como vão apanhá-lo, confundem a audiência, explicam, confundem, e no final resolvem", explicou. "Para nós é apanhar o vilão, mas também estamos investidos e somos afetados pelo caso".
Valderrama revelou que os escritores permitiram que ele contribuísse para a construção da sua personagem, Nick Torres, e que a série está a evoluir com os tempos, "explorando outras áreas e trazendo personagens que permitem uma viagem a sítios diferentes".
O bom, disse, é que existe um desenvolvimento das personagens. "Não faço sempre a mesma piada nem os mesmos comentários. A minha personagem manteve-se fresca, em todos os episódios tento mostrar algo mais".
Devido às características do trabalho de Torres, parte da preparação de Valderrama inclui um regime de exercício físico muito rigoroso, que é feito diariamente às 4:30 da manhã, antes das filmagens, ou às 19:30, depois de concluído o dia de trabalho em estúdio.
"O nosso corpo vai tão longe quanto a nossa mente permite", declarou. "Tornei a minha manutenção física parte do meu dia de trabalho", acrescentou, mencionando que faz questão de garantir que anda sempre bem hidratado.
Por causa do tipo de comida que é servida no estúdio, que considera não ser a mais saudável, o ator decidiu levar refeições especiais para garantir que a sua forma física é mantida.
Esta importância dada ao exercício faz parte do movimento #MyHourADay que o ator começou nas suas redes sociais, e que incentiva as pessoas a tirarem uma hora por dia para fazerem "algo produtivo e pessoal".
Apesar de afirmar que recebe muito carinho dos fãs, Valderrama também se mostrou cauteloso com as interações nas redes sociais: "É preciso ter cuidado. Se lemos e acreditamos nas coisas boas, também vamos ler e acreditar nas coisas más".
O ator afirmou que não é possível controlar estas coisas, mas decidiu gerir bem o seu tempo. "As pessoas vão ter opiniões sobre mim, que nunca conheceram, e de alguma forma têm fortes opiniões e coisas negativas para dizer", notou. "Administro tão bem a forma como invisto o tempo na minha vida, que essa negatividade não ocupa espaço".
“Obviamente a história da Ziva ainda não acabou”, realça Brian Dietzen
O entusiasmo dos fãs de "Investigação Criminal" com a 17.ª temporada da série mostra que "os escritores têm conseguido inovar", disse à Lusa o ator Brian Dietzen, que interpreta o médico legal Jimmy Palmer.
O regresso de uma das personagens mais populares da série, Ziva David, no final da 16.ª temporada, "deixou as pessoas doidas" e mostrou que esta é uma das principais âncoras no início da nova temporada.
"Obviamente a história da Ziva ainda não acabou", afirmou o ator, que considerou a nova linha narrativa como uma das mais fortes em "Investigação Criminal".
Ziva David, interpretada por Cote de Pablo, reapareceu no final da 16.ª temporada e é o centro do trailer promocional dos novos episódios.
"É uma parte da história da nossa série e não podemos simplesmente agir como se aquela pessoa nunca tivesse existido", explicou Brian Dietzen. "Agora que já não estão cá, não falamos do Tony, da Ziva ou da Abby? Não é assim que se passa na vida real", acrescentou, mencionando duas outras personagens principais que saíram da série, Tony DiNozzo (Michael Weatherly) e Abby Sciuto (Pauley Perrette).
"A equipa criativa como um todo fez um bom trabalho para lidar com as ausências", considerou. "Não devemos tentar repetir as temporadas anteriores. Isto precisa de crescer, evoluir e criar".
Apesar de só ter entrado no elenco principal a partir da 10.ª temporada, a personagem de Brian Dietzen tornou-se uma das favoritas entre os fãs, algo que o ator justifica com o facto de interpretar alguém "que é uma fonte de positividade e otimismo".
No estúdio onde a conversa decorreu, em que está montada a sede do NCIS (Naval Criminal Investigative Service), Brian Dietzen tinha um saco com envelopes para meter no correio, porque tem o hábito de responder aos fãs que lhe escrevem cartas em papel.
"Algumas pedem fotos autografadas para vender no eBay, mas a maioria são fãs a sério", explicou. "Recebi uma carta fantástica de um homem que gostou do episódio em que o Jimmy Palmer negociou com um jovem para não se atirar [da janela], porque trabalhou com pessoas que queriam cometer suicídio", revelou.
Ainda assim, o facto de não usar óculos na vida real como a sua personagem, costuma confundir as pessoas. "Há um efeito Clark Kent", comentou, contando que uma vez ia com Pauly Perrette, e uma mulher parou-os na rua para tirar uma foto e deu-lhe a câmara para a mão, porque não percebeu que ele também era do elenco.
A longevidade de "Investigação Criminal" também permitiu que uma nova geração de espectadores se tornasse fã, quando a série ficou disponível em plataformas de streaming.
"A parte boa é que a nossa série sempre foi processual, nunca teve aquela natureza serializada", disse Dietzen. "Não é preciso ver a primeira temporada para entender a quarta ou a nona.
O ator disse acreditar que o segredo da popularidade é "o coração e o humor que a série tem", mas se houvesse uma resposta concreta, a cadeia CBS "engarrafava isso e tornava todas as séries assim".
A 17.ª temporada de "Investigação Criminal" estreia-se na CBS a 24 de setembro e chega ao AXN Portugal em novembro.
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