A nova série da FX, que se estreia na quarta-feira em Portugal na plataforma Disney+, conta a história de um ex-operacional da agência de inteligência norte-americana que vive na clandestinidade até ser confrontado por um assassino contratado para o matar.
“Tivemos muita sorte de ter o Christopher Huddleston connosco, um agente da CIA que me ajudou com algumas das suas estratégias, técnicas e filosofias”, disse o ator Jeff Bridges em resposta à Lusa, durante uma mesa-redonda internacional. “É isso que é tão incrível numa série ou filme: temos todos estes especialistas que procuram tornar esta história realista e fascinante e aproveitamos isso e deixamos que molde o nosso desempenho”.
Aos 72 anos, o oscarizado Jeff Bridges protagoniza uma série de ação e suspense que não só conquistou a crítica norte-americana como também foi a série mais vista no cabo de todas as que se estrearam no último ano e meio, o que levou a FX a renovar para uma segunda temporada.
Baseada no romance com o mesmo título da autoria de Thomas Perry, a história foi adaptada para televisão por Jonathan E. Steinberg e Robert Levine e inclui sequências bastante violentas e inesperadas.
“Fazer filmes é criar ilusões, é como fazer truques de magia”, disse Bridges, sobre o facto de ser um protagonista de 72 anos numa série de ação intensa. “Estamos a tentar fazer as pessoas acreditarem no que estamos a fazer, e isso começa no guião”, continuou. “Depois questionamos: ‘como é que eu agiria nesta situação se estivesse nela?’”
O ator elogiou os “excelentes coordenadores de ação” Henry Kingi e Tim Conway e o brilhantismo dos atores Amy Brenneman e John Lithgow, que contracenam com ele nos papéis de Zoe e Harold Harper, respetivamente.
Bridges confessou que, no início, não tinha a certeza se queria fazer televisão. Lembrava-se da frustração que o pai, o também ator Lloyd Bridges, sentia com o curto espaço de tempo que tinha para executar os seus papéis no pequeno ecrã.
“Tinha reticências em fazer televisão”, indicou. “Mas há tanta televisão maravilhosa a ser produzida nesta altura que quis explorar isto”.
O momento, no entanto, foi muito desafiante. Não só o ator esteve hospitalizado por uma grave infeção com covid-19, como batalhou ao mesmo tempo com um cancro e teve de fazer quimioterapia.
“Quando penso naquilo por que passei em termos de saúde, quase que reforçou quem eu já era”, afirmou. “Quando enfrentamos a nossa mortalidade como me aconteceu, elevamos a fasquia, pensamos em todas as filosofias que nos guiaram, na espiritualidade, todas as estratégias com que endereçámos outros problemas na vida”.
O ator levou essa experiência para a sua interpretação de Dan Chase, sublinhando que – tal como o título indica – ele agora é um homem velho.
“Certamente sinto-me mais velho do que sentia há um par de anos, antes de passar por todas estas aventuras de saúde”, disse. O diagnóstico de cancro e a batalha com a covid, salientou, tornaram as suas características mais vincadas. “Sou uma versão mais velha e fundamentada de mim mesmo”.
Depois da covid, o ator receou ter maior dificuldade com a memorização das falas. “Por isso estudei mais”, revelou, indicando que várias cenas eram muito longas e por vezes foi necessário fazer dois ‘takes’ seguidos. “Descobri que não é tanto ter dificuldades com as falas, mas sim com nomes e a linha de raciocínio”.
Num evento separado da Associação de Críticos de Televisão (TCA), John Lithgow referiu que a sua personagem e a de Jeff Bridges têm narrativas paralelas. “Parte do suspense da primeira temporada é saber quando é que vão colidir”, afirmou.
No mesmo painel, o ator E. J. Bonilla, que interpreta Raymond Waters, deixou também uma visão sobre o tema da idade subjacente à série.
“Fazemos parte de uma cultura e uma sociedade que tende a glorificar a juventude de forma exagerada”, afirmou. “O falso sentimento de que o melhor está para trás é treta. Isto ajudou a solidificar em mim a ideia de que o melhor está sempre por vir”.
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