A FOX norte-americana emitiu, a 29 de abril, o 636º episódio da história da família Simpson, ultrapassando assim a série western "Gunsmoke", que chegou ao 635º capítulo em 1975, após 20 anos de exibição.
A FOX comprometeu-se, no final de 2016, a emitir a série pelo menos até 2019, assegurando que chegaria à trigésima temporada, uma marca nunca atingida na televisão norte-americana.
Mas o recorde chega quando a série enfrenta a sua primeira grande controvérsia, focada na personagem de origem indiana Apu Nahasapeemapetilon, dono de um supermercado ao qual o ator caucasiano Hank Azaria empresta a voz desde o início da série.
O ator e comediante de origem indiana Hari Kondabolu fez um documentário, estreado em novembro de 2017, com o título "The problem with Apu" ("O problema com Apu"), no qual denuncia os estereótipos associados à personagem, começando pelo seu sotaque carregado.
O criador de "Os Simpsons", Matt Groening, e Azaria recusaram aparecer no filme para responder a perguntas sobre o tema.
Após a estreia, Azaria opinou publicamente que esta "levantou pontos muito interessantes", mas a produção da série não reagiu até 8 de abril, no episódio 633.
Nele, Marge tenta apagar de um livro infantil que comprou todos os elementos que podem ferir a sensibilidade de alguém. Depois, lê a versão censurada da história à sua filha Lisa, que a acha aborrecida.
"O que posso fazer?", pergunta Marge. "É difícil dizer", responde Lisa, olhando para os espectadores. "Uma coisa que começou há décadas e era aplaudida e inofensiva agora é politicamente incorreta. O que se pode fazer?", diz Lisa, voltando-se para um retrato de Apu, para o qual pisca o olho.
"Algumas coisas serão resolvidas mais para frente", diz Marge. "Ou talvez não", conclui Lisa.
Esta alusão, mal recebida por muitos observadores, aumentou a polémica, até ao ponto em que Azaria propôs deixar de dar voz de Apu.
A controvérsia, no entanto, não afetou Matt Groening, que disse ter "orgulho" do trabalho feito na série numa entrevista ao jornal USA Today.
"Acho que estamos a viver um tempo na nossa cultura em que as pessoas adoram fingir que estão ofendidas", afirmou.
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