O realizador de “O Protegido”, “Sinais” e “Glass” está a apontar alto com a sua nova série, cujos três primeiros episódios serão transmitidos a partir desta quinta-feira .

Embora apenas 10 episódios tenham sido filmados até agora – os sete restantes serão lançados até 17 de janeiro –, Shyamalan diz que espera filmar 60 no total, e que já trabalhou num final.

“Quando pensamos em séries longas, quantas são ótimas do primeiro episódio ao último? Podemos contar 10? Não tenho a certeza”, afirmou o cineasta a jornalistas em Nova Iorque.

“Há tanto conteúdo, tanta velocidade, que não sabemos onde está o final. ‘Ei, se toda a gente está a ver, vamos continuar para sempre!’”, assinalou.

M. Night Shyamalan
M. Night Shyamalan

“Bem, não, não é assim que a narrativa funciona. Temos de saber onde estamos”.

Enquanto a Apple TV+ tenta entrar num mercado de streaming dominado pelo conteúdo abundante da Netflix e do Disney+, Shyamalan quer destacar-se com o seu estilo distinto de narrativa.

“Agora há conteúdo em todo o lado. Então, como nos diferenciamos? Estou a apostar no não espetáculo como forma de tornar os ingredientes extremamente excelentes”, disse.

Shyamalan apresenta-se como um artista da imagem no ecrã, capaz de criar todos os aspetos de um universo imediatamente identificável, como fez com “O Sexto Sentido”, que o tornou uma estrela global.

“Foi por isso que movi a câmara naquela velocidade, naquele momento, naquela iluminação, naquele ângulo – foi tudo pensado e o público sente isso”, afirmou.

“Quando vemos vê 500 [séries], mas uma tem esse tipo de integridade, paramos”.

Trauma enterrado

Shyamalan costuma escrever os argumentos dos seus filmes, mas a escrita de “Servant” ficou a cargo do argumentista britânico Tony Basgallop.

A série está repleta de uma banda sonora de suspense, marca registada do realizador, iluminação sombria e atmosfera sufocante.

A história centra-se um casal, Dorothy (Lauren Ambrose) e Sean (Toby Kebbell), que está a lutar para lidar com a morte do seu bebé. A mãe entra em negação.

Servant
Servant

Surge Leanne, que havia sido contratada com babysitter do bebé, junta-se à mãe na sua nova realidade alternativa – e eventualmente começa a levá-la a níveis novos e inesperados.

O suspense aumenta lentamente, mas os espectadores são entregues a tensões subjacentes e personagens perturbantes.

Nell Tiger Free, que interpreta Leanne, disse que se tratava de “encontrar o equilíbrio entre ser assustador e perturbante e também tentar ser acessível”.

A coestrela Rupert Grint – Ron Weasley na saga “Harry Potter” – entrou na conversa: “Traz muitas questões. É muito misterioso.”

A série passa-se no interior de uma casa na Filadélfia, onde Shyamalan, nascido na Índia, foi criado, gerando um mundo autossuficiente que lembra o teatro.

“Parecia um palco, e não um cenário”, disse Kebbell.

Basgallop contou que ele e Shyamalan “gostam de contar histórias um pouco desconfortáveis, que não escolhem a opção mais fácil”.

"Estamos entretidos, mas há algo mais sombrio por baixo", disse Shyamalan.

Mais do que qualquer outra série que marca a estreia do Apple TV+, “Servant” poderia ajudar a definir a nova plataforma de streaming com um tipo de originalidade da qual a companhia tecnológica sempre se orgulhou.

“Secretamente, queria estar na Apple”, contou Shyamalan.

“Mesmo antes de a Apple estar pronta para transmitir, eu disse: se posso contar uma história longa para alguém e decidir quem seria, é aí que está o sonho”.

A série foi renovada para uma segunda temporada, antes da estreia.